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Nada é tão ruim enquanto possa piorar

Portão sendo quebrado e invasão de torcedores antes do jogo; ovada nos jogadores e os mesmos fugindo; rojão sendo jogado no campo; presidente sendo xingado pelo estádio todo, estes foram os ingredientes de mais uma derrota do Figueirense na Série B do Campeonato Brasileiro. Desta vez, para o Vila Nova, com gol de Moisés.

Em sua volta após longo período fora dos gramados, Zé Love lamenta mais uma derrota do Figueirense (Foto: Léo Munhoz/Agência RBS)
Fica até difícil relatar mais uma derrota depois de tantas outras já sofridas. Falta argumentação. Porém, o dever nos chama, não é mesmo?! Para deixar tudo claro, vamos partir desde o princípio.

Antes do início da partida, alguns torcedores do Figueirense foram ao portão 8 do Orlando Scarpelli – portão dá acesso à porta do vestiário alvinegro – e quebraram, arrancaram este portão e invadiram o estádio para cobrar e pôr pressão nos jogadores. Os torcedores em questão, após quebrarem o portão de acesso, tentaram invadir o vestiário. Tentaram dar ovadas nos jogadores, porém os mesmos fugiram correndo em direção ao gramado. A polícia chegou no local e a situação foi apaziguada.

Portão que dá acesso aos vestiários foi arrancado por torcedores em tarde de tensão no Orlando Scarpelli (Foto: Mafalda Press)
Depois do ocorrido, teríamos que ter um jogo, óbvio. O Figueirense em uma situação totalmente deplorável, com o técnico pressionado pela falta de resultados e bom futebol, chegou a campo para tentar a vitória que não o tiraria da zona de rebaixamento de jeito algum. O comportamento da equipe dentro de campo foi o mesmo dos jogos anteriores. Um time apático, sem vontade alguma de querer vencer e tirar o time dessa situação.

O Vila Nova, bem no campeonato, tentando se aproximar do líder, também não provocou perigo à meta do goleiro Saulo durante a primeira etapa. No segundo tempo foi diferente. Logo de início, aos 5 minutos, Moisés girou sobre Marquinhos e bateu bonito marcando um golaço para o a equipe goiana. Além da má fase atual, o Figueirense ainda sofre de uma síndrome atemporal sem cura de quase sempre tomar gols logo na volta do intervalo.

Feito isto, a torcida já irritada, se enfureceu mais ainda. Cânticos populosos "homenagearam" jogadores e mandaram o presidente tomar algo em um famigerado lugar. Faixas com os dizeres de "Conselho Omisso" e "Fora, Wilfredo" foram estendidas nas arquibancadas do estádio, e dois rojões foram jogados pela organizada. O primeiro não chegou a ir no campo, não passou do acrílico (volta, alambrado). O segundo, em outra posição do estádio, foi arremessado, parou embaixo da ambulância e assustou os policiais por perto.

Faixas de protestos contra a cúpula alvinegra foram estendidas no Scarpelli (Foto: Rodrigo Polidoro)
A derrota para o Vila Nova causou mudanças em dois cargos. Primeiro, o Superintendente de Esportes Carlos Arini, contratado para montar o time para a Série B, foi demitido do clube. Mesmo caminho tomou Marcelo Cabo, que após 10 jogos no comando alvinegro, não resistiu aos maus resultados e pegou o caminho da roça. O Figueirense em 2017 já irá para o seu terceiro dirigente e para o quarto treinador – em 2016 foram 6 – e assim seguindo a risca a cartilha do rebaixamento já relatada nesta coluna.

Retrospecto de Marcelo Cabo enquanto técnico do Figueirense (Arte: Patrick Silva/Linha de Fundo)
Termino a matéria com uma única coisa para se pensar: em um cesto há dezenas de laranjas, dentre elas uma podre que sempre apodrece todas as outras. Para tentar resolver, você joga todas as laranjas podres fora, porém sempre deixa a mesma laranja podre e coloca novas junto dela. Será que assim o problema se resolveria mesmo?

Patrick Silva | @figueiradepre

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