Faça Parte

Quando o Flamengo joga como Flamengo

O MaracanĂ£ estĂ¡ para o Flamengo como qualquer estĂ¡dio particular estĂ¡ para o seu dono no mundo todo. A ideia de um estĂ¡dio de todos os clubes Ă© bastante contestĂ¡vel toda vez que o Flamengo entra em campo. Campo sagrado, palco das grandes histĂ³rias e territĂ³rio do Flamengo. LĂ¡ estavam eles, todos eles: BerrĂ­o, Diego, Guerrero Rueda, Juan. Uma NaĂ§Ă£o! Show a parte nĂ©, parceiro!? A bem da verdade, quem vai ao MaracanĂ£ em jogos do Flamengo acaba pagando um ingresso e assistindo dois espetĂ¡culos, um dentro de campo e outro na arquibancada. Sempre. 

(Foto: Gilvan de Souza / Flamengo)

Se a torcida Ă© um espetĂ¡culo, dentro de campo a palavra do jogo foi "segurança". Em praticamente nenhum momento do jogo o Flamengo deixou a impressĂ£o de que poderia ser eliminado. Jogamos como Flamengo, pra ganhar. Dominamos o Botafogo do inĂ­cio ao fim e mal demos oportunidades de ataque pro rival, ou melhor, eles nĂ£o chutaram uma bola em direĂ§Ă£o ao gol. Pode nĂ£o ter sido um espetĂ¡culo, mas foi uma atuaĂ§Ă£o muito segura de um time que atĂ© pouco tempo era uma incĂ³gnita e que agora começou a se ajeitar.

A proposta do Botafogo era clara: vamos levar a decisĂ£o para os pĂªnaltis. O time alvinegro, confiante no Ă³timo aproveitamento de penalidades do goleiro Gatito, gastava o tempo, fazia passar o jogo, valorizava cada pausa e nĂ£o media esforços pelo empate eterno. A arbitragem, vamos ser sinceros, tudo fez pelo 0x0 nos 180 min.

Mas o Flamengo nĂ£o queria pĂªnaltis. O Flamengo queria vencer. Flamengo jogou como Flamengo. E isso ficou claro desde o primeiro minuto. O time nĂ£o apresentava um futebol bonito e nĂ£o criava grandes jogadas por uma sĂ©rie de razões que vĂ£o desde o trabalho de Rueda que ainda estĂ¡ começando atĂ© a incapacidade de praticar futebol com um juiz que aparentemente odeia jogadas de gol. Mas ainda assim o Flamengo estava lĂ¡. Dominando as ações, buscando o jogo, tentando criar oportunidades, diferente do pragmĂ¡tico Botafogo.

(Foto: Gilvan de Souza / Flamengo)

Flamengo foi soberano e desbancou o rival. Na defesa, RĂ©ver e Juan ganharam todas as bolas no alto. Defesa que desde a chegada do professor colombiano nĂ£o levou um o gol se quer. Assim como Guerrero no ataque que mesmo vindo de uma lesĂ£o jogou 90 min e parecia um demĂ´nio dentro de campo com a mesma garra e vontade de sempre. Flamengo jogou e ganhou como manda o DNA do Flamengo. DNA de vencedor. NĂ£o desistiu, mesmo diante de um Botafogo muito bem montado na defesa, mesmo diante de um Ă¡rbitro que ignorou faltas e pĂªnaltis. 

BerrĂ­o, o atacante que jĂ¡ havia sido considerado por muitos um “Cirino colombiano” - principalmente pelos torcedores rivais que veem a Ăºnica alegria em agourar o Flamengo jĂ¡ que seu time nĂ£o disputa nada de significante alĂ©m de brigar contra mais um rebaixamento - mostrou que faz coisas que Cirino nĂ£o seria capaz de fazer nem mesmo no videogame, ao aplicar em Victor Luis aquilo que Clarice Lispector descreveria com a frase “Drible Ă© pouco, aquilo que BerrĂ­o fez ainda nĂ£o tem nome”. E depois de ver bem a chegada de Diego, foi sĂ³ alegria. O craque da camisa 35 que, mesmo atuando bem abaixo da mĂ©dia, jamais desistiu de buscar o jogo, garantiu seu gol, a vitĂ³ria, e mais uma final para o Mais Querido.

Nos espera agora um durĂ­ssimo jogo na final contra o Cruzeiro, merecido vencedor do duelo contra o GrĂªmio. Mas claro, antes temos outros desafios por outras competições. E vamos entrar pra ganhar sempre, com habilidade, disposiĂ§Ă£o, coragem e vontade de vencer. Porque isso Ă© o Flamengo e a noite de quarta nos fez lembrar disso muito bem.

Ah, alguĂ©m avisa pro Victor LuĂ­s parar de procurar o BerrĂ­o porque jĂ¡ acharam ele!


Vamos Flamengo!

por Matheus Morais
Twitter @danosmorais_

Postar um comentĂ¡rio

0 ComentĂ¡rios