Em tempos em que tudo vira polêmica nas redes
sociais há quem defenda a ideia de que umas palmadas de vez em quando têm valor pedagógico. Seja você a favor ou contrário a esse tipo de afirmação quando
relacionado à educação dos filhos, não se preocupe, não é disso que se trata. Embora
a estima pelo Milan seja grande e vê-lo tomando uma surra também nos
parta o coração, penso que essa sova recebida diante da Lazio veio em momento
oportuno.
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Montella no banco na derrota por 4-1 para a Lazio. Fonte: Metro News |
É claro que fiquei muito irritado e assim
como todos os irmãos rossoneros, julgo como inadmissível que uma equipe que gastou
o que gastou apanhe de uma equipe de investimentos modesto, embora em estágio
mais avançado de trabalho e embora julgue o resultado exagerado pelo que foi o jogo, já que foi construído em minutos de uma pane geral. Porém, analisando melhor o ocorrido penso que
esse atropelo sofrido em Roma pode ter vindo na hora certa, desde que se
analisado com a maturidade que o momento exige. E isso vale tanto para o
Montella, quanto para a nossa torcida.
Para nossa torcida pode ser importante para
reduzir a euforia, o endeusamento de alguns jogadores pelo bom início de
temporada contra adversários de péssimo nível técnico. Bastou um rival de razoável
qualidade para expor as falhas táticas e técnicas que os resultados alargados
contra essas equipes esconderam. Pela primeira vez no ano, não tivemos uma zaga
segura, e esse desempenho defensivo dos zagueiros vinha escondendo as
aberrações táticas cometidas pelo treinador e a falta de compromissos de alguns
jogadores com suas obrigações defensivas.
Isso também não quer dizer que tudo estava
péssimo antes e agora deva ser jogado fora, mas se atuações como essa têm
alguma função é a de promover um incômodo no sentimento dos jogadores e mostrar
se o treinador está atento aos erros.
Espero que o Montella perceba a falta de
proteção que expôs nossa defesa e facilitou o surgimento de falhas individuais
gritantes de jovens como Calabria e Kessié ao capitão Bonucci. Erros pessoais
que comprometeram o desempenho coletivo, mas que demonstram um desajuste tático
em grande parte culpa da falta de sequência do chamado time ideal, da demora da
definição de algumas peças e do encantamento do Montella pelo desempenho de
alguns jogadores nos peladões oficiais da Liga Europa e início do Calcio.
Também torço para que o Montella tenha o Campeonato
Italiano como prioridade e veja Copa da Itália e Liga Europa como os
laboratórios para os rodízios e variações táticas que deseja promover. Por ser
nossa prioridade, o Calcio não deve ser lugar de experiências, deve-se entrar
sempre com força máxima.
E quando falo de força máxima, falo de
qualidade, não de parte física, pois não partilho do pensamento de “que ele pôs
o que tinha de melhor levando em consideração a questão física”, já que no banco
de reservas estavam jogadores capazes de entregar mais do que os que estavam em
campo, mesmo estando longe de seu auge físico, que só atingirão com a sequência de jogos.
Espero ver o 4-3-3 com Romagnoli em campo,
com Locatelli (Biglia) protegendo um Kessie mais compromissado com a marcação e
não se lançando ao ataque a todo o momento. Assim como desejo uma linha de
frente mais leve e criativa com Çalhanoglu, Bonaventura, Suso e Kalinic (André
Silva), retirando um pouco o peso do Cutrone que deve voltar ao status de
promessa e ter oportunidade no decorrer dos jogos e contra adversários mais
acessíveis.
Se ele deseja testar um esquema com três zagueiros que use um meio de campo mais leve, sem um jogador puramente de contenção, que coloque peças criativas e as faças cumprir funções táticas que exijam compromisso na recomposição, mas sem perder a fome de gol.
Isso sim depende do Montella, essa exigência de um
maior compromisso tático, inclusive das consideradas estrelas do time, que
devem compreender que nesse momento também devem jogar sem a bola. Por isso, espero que a goleada sofrida sirva ao
menos para essas reflexões.
Por Gil Costa
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