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O Flamengo, a crise existencial e o futuro

Foto: Staff Images/Flamengo

Todo mundo durante a vida, em algum momento, se depara com a seguinte pergunta:

O que quero ser?

Se fôssemos definir a vida do Flamengo durante a gestão Bandeira de Mello, diria que o Flamengo vive uma crise existencial do início da fase adulta. Por alguns já chamada de Crise dos 20. Explico.

Em 2013, a alegria dos primeiros passos e das primeiras palavras. A novidade em tudo. Um título não esperado.

2014, era a infância. Cheia de altos e baixos. Inocência e expectativas baixas.

2015, a pré-adolescência. De repente, o Flamengo se eriçava e ensaiava crescer. Cirino, Guerrero. 6 vitórias seguidas no meio da brasileiro. Quem sabe?

2016, adolescente pujante. Começou a demonstrar voos mais altos mesmo quando não se esperava. Trouxe ídolo, disputou título brasileiro. Vislumbrava um futuro brilhante.

Se perguntássemos a qualquer Flamenguista no final do ano passado o que ele queria pra 2017, ano que dentro de nossa linha do tempo corresponderia ao início da vida adulta, praticamente todos diriam o seguinte:
- Títulos.
- Como fazer pra chegar lá?
- Não interessa. Cansei de esperar. Quero título. Ser campeão.
Pois é. Não souberam como. Nunca souberam como. Nem a torcida, nem a diretoria.

O Flamengo 2017 parece aquele jovem que acabou de entrar na faculdade e achou que já ia ter o mundo sobre seus pés. Entrou na faculdade e após os primeiros meses de festa percebeu que o buraco era muito mais embaixo. Quando a dificuldade da vida adulta realmente bateu na porta, o Flamengo não sabia o que fazer, sentiu cada porrada que a vida lhe deu e ficou atordoado sem saber o que fazer.

Isso tudo se vê em nossas propostas de jogo. Tivemos um primeiro semestre campeão carioca. Um pequeno espasmo de felicidade que ensaiava quão bom 2017 seria. Começamos empolgados, tudo lindo, 4x0 no estreia da Liberta.

Bom, não foi. Até porque, não planejamos como. Desde o início o Flamengo quer só uma coisa: vencer. Pra isso decidiu atacar, atacar e atacar. Mas como?

Desde o início do ano, o Flamengo é um time arame liso. Raspa, raspa, raspa mas não machuca. Nunca soubemos se somos um time de infiltração, de toque de bola, de jogo posicional, de contra ataque, de drible ou de chuveiro na área. Tentamos ser tudo ao mesmo tempo. Não ficamos bons em nada.

No jogo de hoje, contra um fraco São Paulo, passamos um tempo inteiro com a bola e não criamos uma oportunidade a partir de jogadas coletivas. Jogamos como se tivéssemos largado o campeonato, aceitado a derrota. Mesmo contra um São Paulo que vencia com dois gols fortuitos. 

Depois de cada ferida, o time parece ter aceitado a dificuldade da vida e empacado em sua evolução. Largou o esforço. Estava muito difícil. Passou a querer menos e passou a perder pros adversários que, como o São Paulo hoje, queriam mais.

O Flamengo parece ter esquecido o verdadeiro significado de ser grande durante esses anos todos. Queria chegar em 2017 já sendo um gigante de novo mas descobriu que precisava de um estágio, um grande teste, pra ver se volta de verdade no ano que vem.

É uma crise existencial de início da vida adulta. Passou a vida achando que ia crescer e ser o maior. Descobriu que não era tão fácil assim e sucumbiu as dificuldades. Não sabe mais se é um time que ataca. Deixou de ser um time raçudo. Não consegue mais ganhar na marra e perdeu até a identidade de time do povo com uma torcida singularmente pulsante.

Qual o próximo passo agora?

Bem, seguindo nossa linha do tempo, caminhamos pro final da faculdade do jovem Flamengo de Eduardo Bandeira de Mello. A crise existencial bate na porta e chegou o momento em que se diferenciam os meninos dos homens, em que tem que escolher quem quer ser.

Podemos aceitar que vamos ficar por aqui e iniciar a vida adulta aceitando a mediocridade de ser apenas maior do Rio.

Ou podemos dar um jeito na nossa vida, decidir que queremos ser o maior do mundo e estabelecer um plano. O que queremos e como queremos. Que time queremos ter em campo.

Quem sabe ainda recuperamos o fim da faculdade e fazemos um TCC super legal pra entrar na vida adulta de bem com a vida. Que tal partir começar a partir pra cima de um dos maiores rivais e rumar em busca da sulamericana?

Descobriremos quarta feira.

Enquanto isso, a família do jovem Flamengo aguarda apreensiva. A Nação estará sempre contigo, mesmo quando não merecer.

No mais, saudações rubro-negras.

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