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Vasco 2017: Do lixo ao luxo

NĂ£o houve uma pessoa sequer que nĂ£o cravasse que o Vasco estaria na SĂ©rie B de 2018. NĂ£o houve uma pessoa sequer que riu quando Eurico Miranda se iludia com a cĂ©lebre frase "O Vasco irĂ¡ brigar nas cabeças". NĂ£o houve uma pessoa sequer que nĂ£o se enfureceu com a contrataĂ§Ă£o de CristĂ³vĂ£o Borges e do presente de Natal, DamiĂ¡n Escudero.

Créditos: Twitter Vasco da Gama
1. Resumo das contratações

Foram 18 contratações ao todo (contando os trĂªs tĂ©cnicos), mas apenas quatro valem ser ressaltadas. Sobre a primeira: Foi celebrada desde a chegada deste excelente centroavante, lotando aeroporto e recepcionando-o atĂ© a sede na Lagoa. Infelizmente a festa foi muito maior do que o que foi retornado dentro de campo. Com o maior salĂ¡rio dentro do Club de Regatas Vasco da Gama e com algumas lesões durante o ano, Luis Fabiano.

A segunda nĂ£o teve nenhuma festa. Mas sim muita suspeita e que, de inĂ­cio, foi muito criticada a chegada desse zagueiro que veio no pacote Luis Fabiano, vindo do SĂ£o Paulo e o Ăºnico Botafogo que irĂ¡ pela Libertadores, Breno. A volta da confiança do jogador nele mesmo e em seu futebol estĂ¡ diretamente ligada Ă  duas outras chegadas no Vasco. A primeira delas e a terceira grande contrataĂ§Ă£o do ano tem nome composto e veio diretamente do AeroFla que iria para o Mundial de Clubes, agora em Dezembro. O antigo tĂ©cnico flamenguista chegou a SĂ£o JanuĂ¡rio no final de Agosto e trouxe consigo algumas mudanças no panorama vascaĂ­no dentro do BrasileirĂ£o. A primeira delas foi acertar o sistema defensivo e dar um padrĂ£o de jogo para a equipe, que por vezes se mostrava confusa com Milton Mendes.

E, finalmente, a Ăºltima contrataĂ§Ă£o que auxiliou o Vasco a estar na situaĂ§Ă£o que se encontra. Mais um zagueiro, que deixou saudades no clube e que era um desejo antigo da torcida, vindo de muito longe e que jĂ¡ havia feito uma dupla de zaga de sucesso com DedĂ© no inĂ­cio desta dĂ©cada: Anderson Martins. Para os Ă­ntimos, Anderson Maldini. 

CrĂ©ditos: Gazeta Esportiva 
2. O inĂ­cio de 2017 e as vergonhas no ano

Iniciando realmente o ano do Gigante da Colina, temos que a primeira competiĂ§Ă£o que participamos foi a Florida Cup. O time comandado por CristĂ³vĂ£o Borges conseguiu ganhar tranquilamente do Barcelona-EQU (que posteriormente viria a eliminar o Palmeiras e o Santos da Libertadores) e sofreu uma humilhaĂ§Ă£o para o Corinthians na semifinal da competiĂ§Ă£o. ApĂ³s ser surrado, o inĂ­cio do Campeonato Carioca tambĂ©m foi desanimador, contudo culminou com a dĂ©cima conquista da Taça Rio e com isso, a animaĂ§Ă£o para o Tricampeonato Carioca veio. RĂ¡pido veio e rĂ¡pido foi-se, um 3 a 0 silenciou as bravatas de Eurico Miranda por um pequeno perĂ­odo de tempo. Logo apĂ³s a derrota nas semifinais, veio Ă  derrota na Copa do Brasil para o VitĂ³ria e a partir dali, o Ăºnico objetivo do Gigante da Colina era conseguir alguma coisa no BrasileirĂ£o. ApĂ³s ser eliminado de duas competições em sequĂªncia, CristĂ³vĂ£o Borges nĂ£o seguiu mais no clube.

O primeiro turno do Campeonato Brasileiro começou com uma derrota que carimbaria a loucura de Eurico Miranda. 4 a 0 no Allianz Parque contra o time mais rico do paĂ­s e com um elenco que, no banco de reservas, contava com jogadores melhores que os titulares do Vasco. O Campeonato Brasileiro pode ser encarado como uma peça de teatro composta de trĂªs atos: O primeiro termina na 12ª rodada, o segundo termina na 27ª e o Ăºltimo se inicia na 28ª e ainda nĂ£o terminou. Mas o qual foi o agravante que fez o ano do clube ser tĂ£o demarcado? Todos sabem da vergonha, do vexame feito em SĂ£o JanuĂ¡rio no clĂ¡ssico contra o Flamengo. A perda dos mandos de campo, o afastamento obrigatĂ³rio da verdadeira torcida (pois quem lĂ¡ esteve, pode observar que quem cometeu tais atrocidades nĂ£o eram os mesmos torcedores que iriam esgotar os ingressos na 28ª rodada contra o Botafogo em mais um clĂ¡ssico). O horror, a violĂªncia e a brutalidade que lĂ¡ foram vistos pelo paĂ­s todo Ă© uma das grandes razões pelas quais o torcedor deseja se afastar dos palcos.

A atmosfera do maior palco futebolĂ­stico do planeta tremia com as Ă¡reas destinadas aos torcedores vascaĂ­nos que lotaram o Maraca na 28ª rodada. O chĂ£o tremia, a torcida gritava, o coraĂ§Ă£o batia mais rĂ¡pido, os fogos explodiam. A saudade de ver o time em campo fez com que fĂ´ssemos aos montes, que silenciĂ¡ssemos os poucos botafoguenses que lĂ¡ estavam. A vitĂ³ria por 1 a 0 foi a cereja do bolo e a festa apĂ³s foi algo que reviveu o elenco vascaĂ­no.

O time sofreu muito sem a torcida em jogos consideravelmente fĂ¡ceis, como contra o Santos no EngenhĂ£o (de longe o pior jogo do Vasco no ano em qualidade; um jogo tenebroso e de um futebol triste aos olhos). ApĂ³s a 28ª rodada, o clube jĂ¡ estava em uma ascensĂ£o que começou contra o Fluminense no MaracanĂ£, logo apĂ³s a demissĂ£o de Milton Mendes. Coincidentemente, os jogos que mais tiveram mudanças de cenĂ¡rio para os Camisas Negras foram os clĂ¡ssicos. A perda de SJ contra o Flamengo, a retomada do rumo das vitĂ³rias contra os Tricolores e a volta da torcida conta o Botafogo. 

Créditos: Globoesporte
Créditos: Globoesporte
3. Os comandantes da nau vascaĂ­na

Dentre eles, o primeiro jĂ¡ estava fadado ao fracasso. CristĂ³vĂ£o estĂ¡ parado no tempo, nĂ£o tem mais condições de assumir equipes de grande porte e necessita urgentemente se atualizar. O segundo veio com bastante empolgaĂ§Ă£o, milhões de cursos da UEFA e um gĂªnio difĂ­cil de lidar. Sua personalidade acabaria fazendo com que jogadores que jĂ¡ eram parte do elenco percebessem que suas titularidades estariam em jogo como a de qualquer outro jogador, e que precisariam trabalhar tĂ£o arduamente quanto os outros. Muitos problemas dentro do vestiĂ¡rio fizeram com que ele perdesse a confiança dos jogadores e apĂ³s envolver-se em picuinhas com os sĂ­mbolos do Vasco dessa nova Era Eurico. SĂ£o eles: Rodrigo (que nĂ£o faz mais parte do elenco do Gigante da Colina) e NenĂª. A saĂ­da de Rodrigo nĂ£o surpreendeu que fosse devido ao desentendimento entre os dois. Mas, mexer com NenĂª, nesse elenco do Vasco, Ă© algo que seria muito mais do que ele poderia suportar. A provĂ¡vel saĂ­da de NenĂª, a queda absurda de rendimento da equipe e o fato dele ser indesejado pelos jogadores, fizeram com que ele caĂ­sse. ApĂ³s mais uma derrota humilhante, o panorama apontava que o trabalho feito nĂ£o era bom, muito menos proveitoso para nenhuma das partes envolvidas. O Ăºltimo teve um trabalho muito bom, mas ainda temos os principais objetivos traçados para 2018. Libertadores, Copa do Brasil e BrasileirĂ£o do ano que vem serĂ£o as provas de fogo do atual tĂ©cnico Cruzmaltino. Contanto, foi o que salvou o ano do Gigante da Colina.

4. As eleições no Vasco da Gama, a Urna 7 e o novo presidente

Um dos principais tĂ³picos do ano era a tensĂ£o acerca das eleições para presidente no clube. Eurico Miranda, Julio Brant, Fernando Horta, Otto Carvalho e Alexandre Campello concorriam pelo cargo mĂ¡ximo. Quanto mais prĂ³ximo do dia da eleiĂ§Ă£o, mais chapas se uniam e para o dia da eleiĂ§Ă£o somente tĂ­nhamos trĂªs: Eurico, Horta e Brant. No dia 7 de novembro de 2017, foram as urnas mais de quatro mil vascaĂ­nos (e pessoas que se declararam vascaĂ­nas somente no dia 7) para eleger o prĂ³ximo mandatĂ¡rio do Club de Regatas Vasco da Gama. O mais interessante da eleiĂ§Ă£o nĂ£o estĂ¡ no fato de ter corrido de forma pacĂ­fica, como todos que estiveram lĂ¡ fossem seres civilizados, mas sim no fato de que o candidato Fernando Horta jĂ¡ havia descoberto 200 mortos que estavam aptos a votar. Outro fato interessante sobre a eleiĂ§Ă£o foram as uniões das chapas de Horta e Brant, para que tivessem a chance de derrotar Eurico Miranda. Uma urna foi separada das demais por contar com algumas irregularidades que poderiam agravar o resultado das eleições e a mesma ficou sub judice (sob os cuidados/juĂ­zos de um juiz, no caso vascaĂ­no a JuĂ­za Maria CecĂ­lia Pinto Gonçalves). 

Créditos: Globoesporte
Ao final do dia sete de novembro, nas urnas vĂ¡lidas, a vitĂ³ria foi de Julio Brant. Juntando a urna da morte, temos que Eurico Miranda continuarĂ¡ sendo o presidente vascaĂ­no. Contudo, a decisĂ£o da JuĂ­za quanto a da Desembargadora Marcia Ferreira Alvarenga sĂ£o pela anulaĂ§Ă£o da Urna da Morte, e com isso, o novo presidente vascaĂ­no Ă© Julio Brant. PorĂ©m, ainda cabe recurso na Ăºltima instĂ¢ncia do Sistema JudiciĂ¡rio Brasileiro, que Ă© o Supremo Tribunal Federal, em BrasĂ­lia. E qual Ă© o porquĂª de termos que envolver o JudiciĂ¡rio na eleiĂ§Ă£o de um clube de futebol? A resposta Ă© um tanto simples e jĂ¡ atĂ© foi mencionada no texto. Quando mortos voltam para votar em possĂ­veis candidatos, hĂ¡ a necessidade de averiguar TODAS as irregularidades no processo eleitoral do clube. Antes mais do que nunca, #AnulaAUrna7!!!

Créditos: GloboPlay
5. Segundo turno

ApĂ³s a derrota para o Bahia e a saĂ­da de Milton Mendes do cargo de tĂ©cnico do Vasco, o time obteve uma das melhores campanhas do returno do BrasileirĂ£o de 2017, e isso se associa a chegada de ZĂ© Ricardo que conseguiu acertar, primeiramente, o setor defensivo do Vasco. O mesmo havia levado 34 gols antes da chegada dele (uma mĂ©dia de 1,61 gols sofridos por jogo) e apĂ³s, 0,76 gol por jogo. A organizaĂ§Ă£o do setor defensivo foi algo chave na ascensĂ£o do time rumo aos objetivos do grupo e as bravatas de Eurico Miranda. Uma das mudanças que ocorreram foi a volta de Madson, que havia sido esquecido pelo tĂ©cnico anterior. Os meninos da base nĂ£o foram sobrecarregados, como haviam sido. A subida para o profissional de uma joia do clube, a utilizaĂ§Ă£o coesa das pratas da casa foram decisivas em jogos como: Santos na Vila Belmiro, Ponte em SĂ£o JanuĂ¡rio e SĂ£o Paulo em SĂ£o JanuĂ¡rio. O Gigante da Colina fez jogos seguros, mas que sempre deram calafrios na sua torcida.

Créditos: Lance
A maioria foram vitĂ³rias de 1 a 0, que ressaltaram a falta de criatividade e recurso dos atacantes do clube. AndrĂ©s RĂ­os nĂ£o Ă© centroavante nato, mas fez gols que ajudaram muito. Mas ainda falta muita habilidade, falta noĂ§Ă£o de espaço dentro da Ă¡rea, em resumo, falta saber ser um matador nato. Fabuloso se contundiu e atĂ© hoje nĂ£o disse a que veio. Poucas partidas, nada que empolgasse ou que fizesse com que o torcedor tivesse confiança em seu futebol. Thalles precisa sair do Vasco urgentemente. NĂ£o ser vendido, mas sim emprestado. Mais de 100 quilos, nenhuma força de vontade e falta de entrega a camisa que fez quem ele Ă© hoje. Somente no mundo em que ele vive, o futebol que ele entrega hoje se assemelha ao de Adriano Imperador. A Ăºnica semelhança entre os dois Ă© o descaso com o futebol e a paixĂ£o pela farra. A falta de profissionalismo Ă© absurda e a comodidade que a diretoria tem com essa postura Ă© um descaso com o torcedor vascaĂ­no.

Créditos: NetVasco
Voltando ao tema deste tĂ³pico (prontamente me desculpo pelo desabafo necessĂ¡rio), o Gigante da Colina fez um bom segundo turno, que por vezes nĂ£o convenceu, mas que poderia ter sido muito mais. A falta de criatividade do ataque fez com que empates desnecessĂ¡rios acontecessem. Sport, VitĂ³ria, Coritiba, Chapecoense, AtlĂ©tico Mineiro entre outros. Se pelo menos um desses tivesse terminado em vitĂ³ria, a vaga da PrĂ©-Libertadores estaria nas mĂ£os do Flamengo e nĂ³s, no Pote 3 do Sorteio da Chave de Grupos. Contudo, apesar desses desencontros, Ă  volta para uma competiĂ§Ă£o internacional e a vaga adiantada na Copa do Brasil sĂ£o relentos para uma temporada tenebrosa excluindo este segundo turno da SĂ©rie A. O alento que foi ouvir que o Club de Regatas Vasco da Gama nĂ£o correria mais riscos de visitar a segundona foi reconfortante.

Créditos: Vasco Notícias
6. Conclusões sobre 2017 e desejos para 2018

Se formos analisar o ano com uma nota, seria algo em torno de 6. Muito pela vaga na PrĂ©-Libertadores, pois fomos eliminados em uma fase inicial da Copa do Brasil, perdemos nas semifinais do Carioca desse ano, apesar de ganharmos a Taça Rio. Tivemos o ocorrido em SĂ£o JanuĂ¡rio e nas eleições. Nada foi tĂ£o bom quanto neste ano nĂ£o cair.

Para 2018, um bom time que tenha chance de ganhar alguma das competições que iremos disputar Ă© necessĂ¡rio. Um terceiro zagueiro para que supra qualquer ocorrido na zaga formada por Breno e Anderson Martins Ă© necessĂ¡rio. Apesar da fase razoĂ¡vel que o Madson estĂ¡, um bom lateral direito deve vir (lembrando que o Gilberto pode nĂ£o ficar para 2018). O meio defensivo necessita de jogadores cascudos para encarar a Libertadores. As pratas da casa nĂ£o devem ser queimadas por causa de um mau planejamento da Diretoria. O meio-campo, na parte ofensiva, precisa urgentemente de opções. Pontas rĂ¡pidos, habilidosos, e que saibam finalizar.

A principal dificuldade do Vasco no ano foi no Ăºltimo toque antes do gol. Um nome para fazer sombra ao de NenĂª tambĂ©m Ă© necessĂ¡rio visto a comodidade que ele tem. Sabendo que precisarĂ¡ brigar pela titularidade, o rendimento do atleta poderĂ¡ melhorar, vide a idade avançada. Centroavantes. Dois, ao menos. E que nĂ£o venham somente com seus nomes fabulosos, mas sim, com muita vontade de colaborar para que em alguma competiĂ§Ă£o possamos soltar o grito de campeões. Acredito em um 2018 muito melhor, com mais patrocĂ­nios, com um Vasco da Gama de cara nova, com a possibilidade de conseguir obter resultados melhores em muitas competições, um Vasco da Gama que seja para o seu torcedor e nĂ£o sĂ³ para um grupo deles, que a festa dentro de SĂ£o JanuĂ¡rio seja cada vez mais ensurdecedora e que um futuro melhor nos aguarde e que o mesmo repita o passado glorioso desse time que precisa, antes mais tarde do que nunca, ser Sempre Vasco.

Um grande abraço e Saudações Vascaínas,

J.P. Alves || @8_joaopedro
Linha de Fundo || @SiteLF

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