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Paulistão 2019: mais do que esquecer, aprender com os erros


O Campeonato Paulista terminou no ultimo domingo (21), com a terceira conquista consecutiva do Corinthians em cima do São Paulo. Entretanto ele terminou para o Botafogo de fato no último dia 27 de abril, após a decisão de pênaltis fatídica em que acabou do Troféu do Interior. Mas para o torcedor que vivenciou um verdadeiro drama rodada atrás de rodada, o campeonato simbolicamente já teria acabado naquele dia 20 de março, com a goleada sobre o Santos que livrou de vez o time do descenso.

Foi um estadual de pontos altos e baixos. Mais baixos, é verdade. Mas que ao fim da história acabou projetando um roteiro já visto diversas vezes na história do Pantera. O torcedor apaixonado empurrando o time para fora do fundo do poço. Isso obviamente não tira o mérito dos jogadores que entraram com brio nas ultimas rodadas, mas enaltece o apoio e a energia fortemente positiva que as arquibancadas do Santa Cruz e as ruas de Ribeirão Preto fizeram surgir.

Abaixo você confere em cinco pontos específicos, como foi a participação do Botafogo em seu pior ano no Campeonato Paulista da Série A-1, desde seu retorno a primeira divisão em 2008.

Primeira vitória tardia.

Foi com muito custo que os primeiros três pontos vieram para o Botafogo na competição estadual. Com um time todo desfigurado daquele que conseguiu o acesso para Série B do Brasileirão em 2018, o Tricolor comandado por Léo Condé começou sua caminhada jogando dentro de casa contra o São Bento, em uma partida de baixíssima qualidade que terminou empatada por 1 a 1.

A partir daí enfileiraria uma serie de resultados negativos. O começo da serie de três derrotas seguidas teve início em São Paulo, contra o Palmeiras, em uma partida que a equipe teve de certo ponto uma atuação bastante sólida e regular. Com algumas reclamações coerentes, como o pênalti até hoje muito discutido não dado em cima de Leonan. Ao fim uma derrota pelo placar mínimo.

Depois vieram as derrotas para a Ferroviária em casa, por 2 a 1, em jogo que já se começava a debater a permanência de Condé no elenco, e a fragilidade de um time montado as pressas da competição, com investimento muito pequeno em relação à mudança que a equipe havia passada no departamento de futebol para Sociedade Anônima (S/A); e derrota para o Novorizontino fora de casa, por 1 a 0, após o time perder um pênalti e levar o gol posteriormente.

Contra o São Caetano em casa era a chance de fazer o fator casa valer de finalmente, e sair da incômoda seqüência de derrotas para alcançar a primeira vitória. Assim aconteceu. A Pantera chegou aos primeiros três pontos na competição com dois gols de Bruno Moraes, atacante alçado a equipe no lugar do questionado Rafael Costa, e outro de Diones. Vitória por 3 a 0, e a esperança para dias melhores renovada.

Foto de: (Botafogo-SP/divulgação)

Fim da linha para Condé.

Com os primeiros três pontos conquistados, a esperança era de que pudesse começar um embalo na equipe, que a fizesse almejar alguma coisa maior no campeonato. O Botafogo desde 2013 só havia ficado fora da 2ª fase do Estadual em 2016.

Entretanto os jogos que se sucederam jogaram um balde de água fria na esperança do torcedor botafoguense. O time não embalou, e pior do que isso voltou a apresentar um futebol muito aquém do que prometia. O saldo foram duas derrotas consecutivas fora de casa, para Guarani e Red Bull Brasil respectivamente, que acabaram custando o emprego de Léo Condé.

O treinador foi o comandante na campanha da equipe tricolor na Série C de 2018, que terminou com o acesso após disputa de pênaltis contra o Botafogo-PB. Condé esteve a frente do time botafoguense por 16 meses, e saiu muito em conta do desgaste acumulado pelo começo irregular no Estadual.

Foto de: (Botafogo-SP/divulgação)

Roberto Cavalo para evitar o rebaixamento.

Após a demissão de Léo Condé, a cúpula botafoguense foi rápida no mapeamento de um nome para tirar o time da situação delicada. O nome escolhido para  as cinco rodadas finais foi o de Roberto Cavalo. O treinador chegava com uma ampla bagagem de trabalhos no interior paulista, e credenciado pela campanha que quase culminou no acesso do Oeste de Itápolis (agora Barueri) para a Série A do Brasileiro em 2017.

A estréia do treinador seria em um teste duro. Enfrentar o Corinthians dentro de casa. O jogo como já se previa foi complicado, mas o Botafogo conseguiu ir bem durante os 90 minutos, mostrando outra cara de um time outrora apático e com partidas muito irregulares. O resultado acabou negativo, derrota de 1 a 0, com um gol muito questionado do argentino Bosseli.

Em seguida o desafio foi buscar um resultado positivo contra a Ponte Preta em Campinas, algo que parecia improvável durante alguns minutos, mas que pareceu pautável para o torcedor tricolor. O time começou mais uma vez levando um gol, mas logo e foi buscar. Quando poderia empatar, mais uma vez parou na marca do pênalti. Nadson cobrou pênalti para o tricolor quando o jogo estava 2 a 1 para os campineiros e desperdiçou.

Com a derrota, a missão de escapar da degola ficava ainda mais difícil e improvável. O time ia para os últimos jogos precisando fazer o que tinha feito muito pouco até esse tal momento. Gols e vitórias.

Foto de: (Botafogo-SP/divulgação)

Torcida mais uma vez faz a diferença.

Durante toda sua historia, o Botafogo foi um time acostumado a jogar com a torcida como a 12ª participante no campo de jogo. Desde os momentos mais improváveis até mesmo aqueles de festividade. Nunca foi fácil para o torcedor tricolor. Os nativos da Vila Tibério sempre foram maciços em acreditar que o destino só viria com muito mais garra e luta, do que simplesmente técnica e jogo bonito.

Foi assim que a torcida da Pantera mais uma vez jogou junto, e conseguiu livrar o time de um destino doloroso. No ano em que completara 10 anos na Série A-1, o botafoguense não queria de forma alguma voltar para o segundo nível do futebol estadual
.
Faltavam três jogos, e perder não era uma opção. O primeiro duelo foi concretizado. Vitoria por 2 a 1 sobre o Bragantino dentro do Santa Cruz, com uma atuação não tão bonita, mas um resultado que se valia por si. Dois gols de Rafael Costa, que iniciava sua trajetória de xodó após longo período perseguido por parte da torcida.

Mas o jogo mais marcante aconteceu em Mirassol. O resultado positivo não veio, já que o empate ainda manteve as duas equipes com risco de rebaixamento. Entretanto o que mais impressionou e mostrou novamente a força da torcida botafoguense, foi a mobilização que aconteceu para o jogo.

Foram 24 ônibus saindo de Ribeirão Preto em direção a cidade no norte do estado, e um número de pouco mais de 1.300 torcedores no estádio José Maria de Campos Maia. Dia histórico, e que se tornou um dos episódios mais memoráveis e emocionantes da rodada no futebol estadual.

Com o time dependendo somente de seu resultado na última rodada, mais uma vez o torcedor fez questão de comparecer no Santa Cruz para apoiar. O resultado foi mais um momento marcante para a história do tricolor de Ribeirão. Uma sonora goleada por 4 a 0 no Santos de Jorge Sampaoli, três gols de Rafael Costa, e o risco de rebaixamento totalmente extirpado. Estava consumado: uma década completa de Botafogo na primeira divisão de São Paulo.

Foto de: (Flávio Santos/divulgação/anônima)


Troféu do interior: frustração pequena perto do todo.

Com o objetivo concretizado, o Botafogo conseguiu além de escapar do rebaixamento também alcançar vaga na disputa do Troféu do Interior. Os seis times mais bem classificados na competição, exceto as equipes da cidade de São Paulo, jogariam um mata-mata de fase quartas de final, para os vencedores dos duelos posteriormente se juntarem com o melhor colocado entre os eliminados das quartas de final do campeonato no geral.

O Botafogo estava entre as equipes classificadas. O desafio seria contra o Oeste de Barueri, em dois jogos, sendo o primeiro em Ribeirão Preto e o segundo na casa do adversário, por critério pré-estabelecido de classificação final.

O primeiro jogo terminou empatado por 1 a 1, com a equipe Tricolor largando na frente e cedendo o empate no decorrer da partida. Já o jogo de volta foi o mais decepcionante.
Além de começar perdendo e virar a partida, o Botafogo chegou a abrir 3 a 1 de vantagem para o time da casa, mas acabou sucumbindo em duas falhas incríveis de sua zaga. O gol de empate marcado nos minutos finais da partida. Nos pênaltis, motivados pelo resultado incrivelmente revertido, o Oeste teve mais psicológico para bater as penalidades e sair vitorioso por 4 a 3. Das decepções, obviamente a menor.


Foto de: (Botafogo-SP/divulgação)

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