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Mais um caso de racismo no futebol e mais uma vez no Rio Grande do Sul!


Infelizmente, com pesar e nojo, temos que se deparar com esse tipo de notĂ­cia.

Ontem, o goleiro Carlos Miguel, do Internacional B, foi alvo de xingamentos racistas durante a partida contra o Novo Hamburgo, vĂ¡lida pela Copa FGF, em Alvorada, na regiĂ£o metropolitana de Porto Alegre. O ato foi relatado em sĂºmula pelo Ă¡rbitro.

   Goleiro Carlos Miguel sofreu insultos raciais  


Com um histĂ³rico vasto, mais uma vez a regiĂ£o Sul do Brasil, se destaca na mĂ­dia, com  um caso de racismo vindo dos torcedores gaĂºchos. Digo, repito quantas vezes forem necessĂ¡rio: 
 O Rio Grande do Sul tem uma histĂ³ria racista.

A chamada RevoluĂ§Ă£o Farroupilha foi uma revolta tributĂ¡ria. Uma guerra para defender os interesses dos aristocratas que detinham o nobre produto chamado CHARQUE.
SĂ³!
NĂ£o defendia direitos humanos de homens e mulheres, Ă­ndios, negros, colonos... NĂ£o era uma guerra para melhorar a cidade.
E quem lutou de verdade na guerra? Esses nunca foram citados nas aulas de HistĂ³ria da escola pra mim. Em compensaĂ§Ă£o ouvi falar bastante de Bento Gonçalves, Giuseppe Garibaldi, David Canabarro.
Mas nunca tinham me falado dos Lanceiros Negros no colégio.
Foram eles, os escravos... Com apenas uma lança na mĂ£o, e com a promessa de que ganhariam a liberdade,  lutaram na guerra chamada de revoluĂ§Ă£o. E morreram. Foram mortos defendendo uma causa que nĂ£o era deles... E os que sobreviveram , foram dizimados pelos soldados imperiais, no chamado " Massacre dos Lanceiros Negros", e resultou morte de centenas de escravos.  A esperança era de uma aboliĂ§Ă£o futura. E no fim, NUNCA tiveram a sua liberdade...

Enfim...
Nasci em Porto Alegre. Sou uma guria. Uma gaĂºcha negra. Tem quem nĂ£o acredite (e nĂ£o sĂ£o poucos).  Das diversas vezes que estive fora do estado, incontĂ¡veis vezes escutei: “VocĂª Ă© gaĂºcha mesmo? Mas nĂ£o tem muitos negros no Rio Grande do Sul, nĂ©?”
Pergunta que me faz pensar: Sou uma lenda? Folclore? Mas, quando olho no espelho, logo vem o alĂ­vio: Ufa, sim... Eu existo de verdade.

A populaĂ§Ă£o branca Ă© maioria no regiĂ£o Sul do Brasil, somando 77% nos trĂªs estados. Negros 3,8% e pardos 17,7%.
Tento achar encontrar algum motivo, para a regiĂ£o Sul ser centro desses tipos de casos (na grande maioria das vezes, infelizmente), mas nĂ£o tem, ou melhor, NĂƒO PODE TER NENHUM MOTIVO, PORQUE NĂƒO PODE EXISTIR PRECONCEITO RACIAL EM NENHUM LUGAR DO MUNDO.  

Mas aqui existe, e nĂ£o sĂ£o poucos, e nĂ£o somente no futebol...
Desde muito nova gosto de futebol, vou ao estĂ¡dio e assisto jogos, e consequentemente tive que me acostumar a ouvir a torcida gremista a chamar torcedores colorados de “MACACOS”. Triste, porĂ©m real...
E ainda chamam, em diversos cĂ¢nticos!  Normal? NĂ£o, nĂ£o Ă©!

Hoje vivemos num mundo onde nĂ£o hĂ¡ espaço para o preconceito, e depois de alguns fatos racistas no estado, e no Brasil, existe crime e consequĂªncias para os envolvidos. Ainda falta severidade nas punições, mas visto ao que era anos atrĂ¡s tivemos um regresso.

 JĂ¡ passou da hora de pararmos com esta histĂ³ria de que no estĂ¡dio os cĂ³digos sĂ£o outros, que tudo pode. NĂ£o, nĂ£o pode. Futebol nĂ£o Ă© salvo-conduto para atos contra a dignidade humana.

Qualquer tipo de preconceito, fere, machuca e Ă© crime.

A Luta continua e nunca vai parar, seguimos trabalhando COM ORGULHO DA NOSSA RAÇA, E DAS NOSSAS ORIGENS!


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