Já há algum tempo, existe um desejo da torcida do Flamengo de que os campeões de 81 falem pouco sobre o Flamengo atual. Isso porque geralmente falam besteira. Porém, uma das frases mais famosas de um desses caras é a lição que o time deve tirar do jogo dessa quarta.
Se esperamos 35 anos por esse dia, o Flamengo que foi a campo não decepcionou. E mais: na casa do Grêmio, na semi da Liberta, fez um jogo de plena imposição e mostrou quem é melhor. Um jogo excelente, que poderia ter liquidado a fatura e posto o Flamengo na final. Mas "quando você pressiona o adversário, em um jogo grande desse, você tem que matar logo. Tem que enfiar a faca e rodar". Faltou rodar. Sábio maestro.
No primeiro tempo nem se fala. Domínio absoluto do primeiro ao último minuto. Jogando no campo do adversário, o Flamengo impediu que o Grêmio mestre da posse de bola não chegasse a trocar 100 passes. Amassou o tricolor em seu campo, pressionou em cima, anulou a saída de bola e impediu que a bola chegasse limpa ao ataque.
Cumprindo as obrigações defensivas, as chances viriam. Aos 20 já tinha assutado duas vezes, com Arrascaeta de dentro da área e Bruno Henrique chutando de fora. Aproveitava as ausências de Leonardo e Geromel e fazia o trio decisivo circular e confundir a marcação pelo lado direito. Assim fizemos 2x0 no primeiro tempo. Pena que o VAR impediu. Um por burrice e outro por meia chuteira de Gabigol. Faz parte dos novos tempos do futebol.
O Grêmio havia sido engolido em sua arena. Renato desesperado por causa de um Grêmio contra as cordas. Encurralado. Inferior.
O segundo tempo a princípio parecia igual quando Bruno Henrique e Gabigol fizeram tabela linda que quase resultou em gol do camisa 9. Não foi o que aconteceu. O Grêmio reagiu e por alguns minutos acuou o Flamengo em seu campo. Teve a oportunidade mais clara do jogo com Cebolinha em lance cujo único pensamento possível do rubro-negro foi: "Como é bom ter goleiro". Defesa absurda de Diego Alves. Defesa de título.
Chegou a parecer que seria o mesmo roteiro da segunda partida contra o Inter. Domínio na primeira parte, pressionado no início da segunda. E de fato foi assim. Com apenas uma exceção: o Flamengo sairia na frente.
Jogada trabalhada de um Flamengo paciente e maduro, que coloca ela no chão, trata com carinho e chama ela de "você" no momento de maior dificuldade. Cruzamento de Arrascaeta e um GOL DE CABEÇA DE BRUNO HENRIQUE, jogador com terrível tempo de bola pelo alto. Ironias que só podem acontecer no Flamengo.
O gol foi tão importante que causou até câimbra em Gerson, que nem voltou da comemoração.
A faca estava enfiada. Faltou rodar. Bruno Henrique quase fez mas foi detido por um raro lance de segurança de Paulo Vitor. Gabigol foi parado mais uma vez pelo VAR (sim, o Flamengo fez QUATRO gols na Arena do Grêmio). O Flamengo era tão Flamengo e tão seguro que até briga na defesa rolou. O Grêmio parecia acabado.
Mas não é a toa que seu apelido é imortal. Quando Filipe Luis sofreu falta e caiu no campo de ataque, Everton Ribeiro não pôs a bola pra fora e o Grêmio deu liga no contra ataque. Piris não matou a jogada e ela foi lançada no espaço em que deveria estar o lateral lesionado. Arrascaeta se arrastava em campo após pancada e não voltou pra cobrir. Aos 42 do segundo tempo, cruzamento de Cebolinha e gol de Pepê. 1x1.
Uma lição. Faltou rodar a faca.
E que não caiam críticas sobre Everton Ribeiro. O camisa 7 fez um jogo soberbo na Arena e apenas fez o que Jesus manda fazer: sem anti-jogo. A falha é da falta de eficiência pra matar o jogo, e talvez até um pouco de fome nos minutos finais.
Apesar de um final decepcionante, o jogo de hoje foi absurdamente animador. Se na Arena, o Flamengo fez o que quis com o Grêmio, imagine em nossos domínios e com a massa do lado. Ano passado já passamos deles na Copa do Brasil com o mesmo placar no jogo de ida e com um time muito pior vestindo o manto. Agora voltamos a campo muito mais confiantes no dia 23.
Com a lição aprendida no primeiro jogo só uma coisa é certa pro segundo: O Maracanã vai ficar muito pequeno. Que chegue logo.
No mais,
Saudações Rubro-negras.
(Imagem: Alexandre Vidal/Flamengo)
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