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Metáfora

    

     O futebol tem suas grandes metáforas e sua enorme representação social. Rege o ritmo, a poesia e caminhar do povo Brasileiro, símbolo de um país vasto em cultura, mas carente de valorização, responsável inclusive pela caracterização cultural do povo, o futebol vem como quebra de barreiras inumeráveis.

    A sua influência é percebida no dia a dia através da linguagem. Quem nunca usou o termo “chutar” para dar um palpite, ou “tirar de letra” para expressar que sabe resolver uma situação, “vestir a camisa” para demonstrar apoio a um grupo ou instituição? O Brasil é a maior metáfora do futebol. Somos constituídos por tudo o que há no jogo, dentro e fora de campo. Às relações com nossos vizinhos, amigos, familiares e compatriotas, baseadas e organizadas por ordem, como se a gente estivesse a posicionar um time, e às vezes o time não vai bem, às vezes alguns jogadores simplesmente não entendem o resultado de suas ações, não compreendem o objetivo do jogo… e às vezes os jogadores não são bons.
  
                                                 O futebol explica o Brasil.


metalinguagem (foto by: google.com/imagens)
 

    Representado como objeto cultural já foi “1x0” de Pixinguinha e Benidito Lacerda, “um a um”, de Edgar Ferreira e interpretada por Jackson do Pandeiro em 53, “Pra frente Brasil” e a seleção de 70 decolou. Já foi teatro, por Nelson Rodrigues em “A falecida” e “Campeões do Mundo” por Dias Gomes. Foi cinema em “O Corintiano”, de Mazzaropi e “Os trapalhões e o Rei do Futebol”, com Pelé, O rei, pelos Os trapalhões.

    O “ópio do povo” como diria Roberto Damatta, já teve inúmeros representantes, homens e mulheres, Ronaldos, Roberto's, Romário só teve um, assim como Pelé e Mané. Já teve sua Marta, Cristiane e Formiga, o Brasil por sua vez também teve seus ilustres, Gil e Caetano, Cartola, Pixinguinha, o Síndico, Suassuna, Elis e Gal, seus Luiz Inácio, Gama e Gonzagas, Dilma, apenas uma. 

    Você sabia torcedor, desde o início você sabia. Muitos te avisaram. Eu, te avisei. O futebol, desde Charles Miller vem te avisando. Quando o Bangu e o Vasco da Gama colocaram os primeiros negros no time, era o futebol te avisando. Quando Marta foi eleita melhor do mundo, era um aviso. Todos os sinais te diziam, torcedor… no fundo da sua alma você sabe que “O futebol é para os bons” e a eles pertencem. E se o futebol explica o Brasil… como deixamos isso acontecer, torcedor? 

    28 de Maio, 1h49 da manhã, o mundo enfrenta seu pior jogo da era moderna, o time do Brasil está parado, nossos jogadores estão morrendo nas UTI’S lotadas, mesmo no nível do mar nossos jogadores morrem sufocados e sem ar. Alguns morrem envoltos ao próprio orgulho, não tocam a bola, não abrem espaço entre às linhas, não marcam o adversário e esperam um milagre. Não enxergam o jogo. O sofrimento. O vexame. Como touros atrás do pasto, eles esperam a ordem do Capitão. O capitão criou uma panelinha no time. Comprou até mesmo o Juiz. Um juiz ladrão. Só loucos ministram por ele.

    Pois é torcedor nem todos são bons jogadores, o capitão desde às categorias de base nunca foi talentoso. Falava demais, era piada nacional em programas de comédia e muitos riam. Mas por algum motivo, pelas razões inexplicáveis do futebol, o capitão conseguiu a faixa. Apesar dos avisos dos bons jogadores, principalmente dos canhotos e dos que jogam no centro, o capitão ganhou a faixa. 

    Um jogador é a maior representação do menino Brasileiro. É o herói de chuteira, tem vários nomes, é Rei, Baixinho, Fenômeno, alguns são só Gaúchos, ou aves feito Falcão, alguns tem nome de filósofos gregos e se posicionam bem, todos em algum momento nos trouxeram felicidade, nos trouxeram alegria, nos deram a chance de gritar por vitória. Nossos jogadores já tiveram nomes de santos. E o nosso melhor Jair tinha apelido de menino, apelido dado por vó… Jairzinho. O futebol é a maior metáfora do Brasil.






   Texto por: @andersonmviana (twitter)



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