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Entre Arrasca e João Lucas, o Flamengo do feijão com arroz.

(Imagem: Alexandre Vidal/Flamengo)

1x0. Curto e simples. Sem firula, sem empolgação. O gol de Arrascaeta deu ao Flamengo o mínimo que precisávamos, mas ainda é pouco para o que esperamos. Foi como ter João Lucas na lateral: era o que tínhamos para hoje, mas não é a expectativa. A primeira vitória veio, mas o futebol ainda não. 

É incrível como os nervos no Flamengo são mais à flor da pele do que em qualquer outro lugar. Bastou uma derrota construída com um gol contra, e uma derrota fora de casa, para o time campeão da América e do Brasil perder toda a confiança e jogar curto e simples contra o fraco Coritiba. O rubro-negro jogou um futebol tímido e pouco valente. Fez só o suficiente para sair com três pontos.

O início do jogo mostrou isso. Era um Flamengo relutante, que deixou o Coritiba a vontade nos primeiros dez minutos. Aos poucos, os passes curtos deram o controle da posse. Os poucos erros nos deram a tranquilidade, e ela, por sua vez, foi dando um pouco mais de confiança.

Exemplo maior foi João Lucas. O lateral garoto, agora único da posição no elenco, começou cabreiro e hesitante. Não à toa. Afinal, não conta com a confiança da torcida e nem do treinador, que preferiu improvisar um zagueiro no jogo anterior. Aos poucos, quando o time foi se estruturando, ele também foi se acertando. Fez o feijão com arroz, nada extraordinário. Assim como o Flamengo.

Com o controle do jogo, aos poucos as oportunidades foram aparecendo. Alguns nomes ainda estão muito fora de sintonia e ritmo. Os principais criadores do meio de campo, Gerson e Éverton Ribeiro, erravam muitos passes e pareciam sempre um segundo atrás de seus marcadores. Por outro lado, Arrascaeta estava mais ligado. Talvez o banco tenha surtido algum efeito para o talentoso uruguaio. Ofereceu enfiada linda a Gabigol que perdeu frente ao goleiro mais uma vez. Minutos depois, driblou dois jogadores pela meiuca e bateu no travessão. Já indo para o final do primeiro tempo, guardou o seu. Recebeu bola não alcançada por Gabigol dentro da área, driblou um dos zagueiros e colocou no único espaço possível com a categoria que lhe é peculiar. Não gritei gol. Gritei:

- FINALMENTE!

Pra quem se acostumou a ver quase três gols por jogo em 2019, ficar três jogos sem gols parecia um martírio.

O curioso é perceber que este primeiro tempo foi o inverso do ano passado. Se éramos o time que brilhava, jogava por música, confiava no próprio taco e jogava sem medo, fizemos do primeiro tempo em Curitiba um treino sem tesão, um jogo burocrático. Se ano passado Gerson e Éverton davam o ritmo e Arrasca sumia o jogo inteiro e aparecia para fazer seus gols, agora era ele o ligado, e os dois canhotos eram muito abaixo.

No segundo tempo, jogo muito facilitado. O Coritiba não tinha forças para oferecer perigo e fez questão se prejudicar com a expulsão de Renê Júnior. Dali para frente o Flamengo fez questão de ir deixando tempo passar. Só queriam uma vitória para acalmar os ânimos e o segundo gol era mais um "vai que..." do que um objetivo. 

Assim como João Lucas. Foi fazendo o seu jogo correto e só vez ou outra arriscava. Não a toa as duas outras oportunidades do segundo tempo saíram dele. A primeira em lançamento que encontrou Bruno Henrique. O camisa 27, que nem de longe parece o mesmo de seis meses atrás, demorou uma vida para ceder a Gabigol, e perdeu a oportunidade. Em seguida, João Lucas encontrou Pedro dentro da área e o centroavante pôs para dentro. O bandeira impediu que o placar mentisse sobre o espírito do time.

O Flamengo foi mais João Lucas do que Arrasca. Foi mais feijão com arroz, e menos brilho e maravilha. Fez o básico e levou os três pontos para casa. Nenhum demérito para o lateral. Só não é o que esperamos.

Que esse seja só um jogo de passagem. Que assim como o João Lucas, o futebol burocrático fique no banco logo, mesmo nos dando vitórias. Em breve queremos nosso Flamengo empolgante de novo.

No mais,

Saudações Rubro-negras.

Por Gabriel Félix


@gfelixft


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