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Heroínas do Futebol: Daniela Alves #05

(Foto: Gazeta)
No quinto episódio da série “Heroínas do Futebol” vocês vão conhecer a jogadora que quase foi a mais nova da história das Copas (feminina e masculina). Mas antes vocês não podem deixar de conferir os outros textos dessa série, clica aqui para conferir o quarto episódio.

Quando Daniela Alves nasceu já haviam revogado a proibição do futebol feminino, mas o esporte ainda estava em desenvolvimento e sofrendo com o preconceito oriundo desta proibição. Naquela época Dani jogava entre os meninos e por diversas vezes foi tirada dos campinhos pelo pai, que não aceitava vê-la jogando. Ela lembra desse tempo com pouco carinho, afinal, era difícil passar por essas situações, mas era o que ela gostava de fazer, isso antes mesmo de saber que o futebol poderia ser sua profissão. Quando Daniela descobriu pela TV que sua paixão poderia virar profissão, ela passou a sonhar com este momento. E não demorou.

Naquele tempo você já ingressava num time para jogar no profissional, afinal, não existiam categorias de base. Isso, claro, poderia gerar diversas dificuldades para o crescimento da modalidade, um deles era justamente que as mais novas fossem perdendo o interesse no esporte por estarem “novas demais” para adentrar o mundo do futebol. Isso quase foi uma questão para Dani, já que quase foi dispensada de uma peneira por não ter idade o suficiente, é que ela tinha acabado de completar 13 anos quando foi fazer um teste na Portuguesa. Um pouco de insistência com o treinador e Daniela foi aceita.

Mas quem diria que aquela menina de 13 anos seria titular no time no seu primeiro ano de clube? Pois é. Ela foi. E entre várias atletas bem mais maduras, desbancando até trintonas. Dani estava pronta para ser um meteoro e foi o que ela foi. Apenas 2 anos depois dessa estreia, ela recebeu a primeira convocação para a Seleção Brasileira. Com apenas 15 anos a meia-atacante foi convocada para jogar a Copa do Mundo de Futebol Feminino de 1999, mas aí a idade virou uma questão, é que a FIFA só permitia atletas a partir dos 16 anos, e ela foi cortada da equipe.

(Foto: Arquivo pessoal)
Daniela foi espetacular, quem lembra dela fala com carinho de uma das maiores meias que já passou pela Seleção Feminina, ela esbanjava uma qualidade técnica que a poucos é conferida. Depois da Portuguesa, time que lhe deu a primeira chance e os primeiros títulos, Dani defendeu Saad. Lá ela venceu a Copa do Brasil de 2007, sendo artilheira e eleita a melhor jogadora da competição. Nesse mesmo ano foi medalhista de ouro no Pan-Americano, sendo considerada uma das atletas mais importantes do campeonato, foi ela quem fez o último gol na final contra os EUA.

Mas Dani também guarda umas lembranças ruins, ela estava em campo na final do Mundial, quando o Brasil perdeu por 2x0 para a Alemanha e na final das Olímpiadas no ano seguinte, quando perderam a medalha para os EUA. Aqueles dias foram dois dos piores da carreira. Em entrevista ao Ludopédio, Daniela explicou o quanto foi doloroso para ela, que não entendia como poderiam perder novamente uma final jogando tão melhor que as adversárias. Aquela Olímpiada ainda dói nela que após o jogo ficou caminhando no campo tentando entender o porquê daquela derrota.

Aos 26 anos, em 2009, um ano após a fatídica final, Daniela teve, de fato, o pior dia de sua carreira. No seu quarto jogo pelo Saint Louis Athletica na Liga Americana contra o Washington Freedom, ela estava em mais uma de suas atuações fantásticas, seu time vencia por 3x2 com dois gols dela, foi aí que Abby Wambach lhe deu uma entrada “fatal”. Dani diz que foi uma entrada criminosa, ela descreve como uma “voadora desnecessária”, já Wambach diz que não houve maldade. O fato é que neste dia ela rompeu 2 ligamentos, teve uma fissura na tíbia, teve hipotermia e não conseguiu mais retornar para o futebol. 

A meia passou por uma cirurgia, tentou voltar e acabou tendo que fazer outra operação, esta acabou trazendo complicações e lhe fez voltar novamente a uma sala de cirurgia. Aí ela decidiu parar. Mesmo com campanhas pedindo o retorno de Dani, ela resolveu largar tudo. Passou anos sem nem querer ouvir falar de futebol, era uma dor que ela carregava consigo. Abriu um açougue e por lá ficou até engravidar. Um amigo a fez voltar aos poucos, começou a levá-la para peladas as segundas e logo ela se viu nesse meio que tanto amava novamente. Não demorou muito para que passasse a ensinar o que ela sabia fazer de melhor. Logo treinava crianças em uma escolinha da  região.

(Foto: Corinthians)
Hoje, aos 36 anos, Daniela Alves ainda luta pela modalidade, mas agora fora das 4 linhas. Dani é técnica do Sub-17 Feminino do Corinthians e ano passado comandou o Timão no Campeonato Brasileiro Sub18 e no Sub16 de Futebol Feminino. Anos antes, de 2016 a 2018, foi auxiliar técnica da Seleção Sub20, cargo que exerceu com muito orgulho. Agora ela ajuda meninas a lutarem pelo sonho que sempre teve: o crescimento do futebol feminino.


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