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Deixando claro aos idiotas da objetividade

 

(Imagem: Getty Images)

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ESTE CAMPEONATO NÃO DEVERIA ESTAR ACONTECENDO!

Dito isso, vamos lá.



Eles foram os donos da semana. 

Evidente. Empatar com o vice-lanterna em pleno Maracanã é motivo para se descabelar! "Time mal", "técnico fraco", "saudades Jesus" e tudo o mais.

Torcedores, calma.

Três dias depois, qualquer um deles estará bradando "Segue o líder!", "Que time absurdo" e coisa do tipo.

Por quê a volatilidade tão grande em tão pouco tempo?

Bom, vamos ao jogo de hoje primeiro.

A última pergunta da entrevista de Domenec na coletiva pós-jogo foi a seguinte: "O time agora já tem a cara de Dome?"

E a questão tinha uma explicação. 

Hoje, Dome acertou absolutamente tudo que tentou. Com exceção da bola áerea, que se apresenta como uma falha já crônica desde Flamengo (assim como era no início do Novo Testamento rubro-negro de 2019), todas ideias foram colocadas foram aplicadas na prática e todas as peças funcionaram como ele queria.

Como princípio, um jogo de passes muito bem estabelecido. Poucos passes errados, toques curtos, transições simples e o domínio completo do meio de campo a partir de meados do segundo tempo. Thiago Maia comandava o meio de trás, Gerson era o trator que cobria tudo e Éverton completava com magia.

Depois, ideias mais maleáveis, que variam de jogo pra jogo, mas funcionaram bem mais uma vez. Laterais espetados, lá no alto, e área ocupada pelos meias. Assim saiu o primeiro. Cruzamento de Filipe Luis, cabeçada de Éverton. Saco.

No segundo tempo, controle e mobilidade. Isla espetou e recuou a Éverton. Conduziu até achar Vitinho.

Dome o queria ali, porque com espaço, o chute dele é caixa. E foi.

O terceiro é mais acaso e rebarba do time apostólico do que qualquer outra coisa. Adversário balança, o nocaute vem. E com alegria sincera e genuína. Natan meteu pra dentro cabeçada do camisa 7 e fez marejados os olhos do colunista. Não posso ver gol de garoto.

O time cansou. O Corinthians atacou. E nessa hora apareceu Neneca. É muito braço e muito vigor nos saltos. Catou embaixo, e no mesmo lance catou em cima. Falhou no gol, mas se redimiu. Catou embaixo, catou em cima. E a reação corinthiana foi se esvaindo.

Acabou mesmo com o gol de Bruno Henrique, em um contra-ataque de um guardiolismo do mais alto nível. Jogo de posição, atrai de um lado, bola nos meias, passe em profundidade no lado oposto, atacantes fecham.

Troque Vitinho por De Bruyne, Isla por Walker, Pedro por Aguero e Bruno por Sterling. A única diferença é que o inglês provavelmente perderia o gol.

SIM. EMPOLGUEI.

E pra completar, o último gol foi das mexidas de Dome. Arão interceptou e Diego fez um golaço, digno da camisa 10 que veste.

Claro, tudo isso facilitado por um gramado encontrado por um time que soube usá-lo.

Assim como o placar. O último 5x1 sobre Corinthians tinha sido em 83.

De minha parte, é bom demais golear o alvinegro. Vi deles na adolescência tantas pancadas sobre o Flamengo que os últimos 3x0, 4x1 e 5x1 foram de lavar a alma.

Ainda deu mais gosto de ver a entrevista de Vitinho. Sorriso leve e aliviado estampado no rosto. Parecia uma criança ao receber o prêmio de melhor do jogo.

E aí os idiotas da objetividade, como assim chamados por Nelson Rodrigues, comemoram e clamam: "Agora sim o Dome acertou".

Na pergunta mencionada no início deste texto, o catalão respondeu o repórter e os objetivos:

"Não é porque fez cinco gols que está com a cara do Dome. O Dome de hoje é o mesmo Dome do empate de quinta-feira".

Curto, simples e grosso.

A verdade é que a torcida do Flamengo tornou-se absurdamente mimada. Um simples empate é motivo para querer matar todo mundo.

E não. Não é assim. Não é porque temos o melhor time e um dos melhores treinadores, ou porque temos boa base, ou porque temos estrutura e os jogadores ganham bem, que vamos vencer todos os jogos.

Até porque estamos falando de futebol. Se quiser previsibilidade e vitória sempre, vá assistir vôlei.

O Flamengo fez uma sequência absurda. Cinco jogos em dez dias, precedidos por COVID e no meio de uma data FIFA que tirou quatro jogadores do time.

E isso tudo sem SEUS MELHORES JOGADORES, Arrascaeta e Gabigol.

O Flamengo fez demais. Fez muito. Deu tudo o que podia. E jogou bem na maioria dos jogos. Com momentos de oscilação e dentro das limitações físicas e técnicas que foi tendo.

Mas se isso não ficou claro depois de tanto tempo, o time resolveu esclarecer logo.

Cincun. Deixando claro aos idiotas da objetividade.

Cinco é o suficiente para empolgar ou vocês querem mais?

No mais, 

Saudações Rubro-negras


Por Gabriel Félix

Colunista do Flamengo pelo Linha de Fundo

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