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Sobre a gestão Sette Câmara/Lásaro Cunha

Foto: GE/Rafael Araújo

O fatídico ano de 2020 está acabando. E com ele, acaba a famigerada gestão Sette Câmara/Lásaro Cunha. E este texto será uma espécie de balanço dos três anos (ou dois, dependendo do ponto de vista) em que eles estiveram no comando do Galo. E se você já leu alguns textos meus por aqui, sabe que eu não sou um grande fã do trabalho que eles fizeram.

Tudo começou no final de 2017, quando essa dupla dinâmica foi eleita, com o necessário discurso de austeridade e contenção de gastos, afinal, o Atlético figurava entre os clubes com maior dívida no Brasil e precisava de uma reestruturação. E ela aconteceu, de certa forma. Jogadores de alto salário como Fr*d e Rob*nho foram mandados embora e o perfil de contratações mudou radicalmente em relação a gestão anterior, comandada pelo Palhaço Krusty Daniel Nepomuceno.

Além disso, algumas dívidas que poderiam gerar sanções na FIFA foram pagas. Pendências super antigas, relativas as compras de André, Tardelli e Cáceres, por exemplo, foram sanadas. Paralelo a isso, uma treta de quase duas décadas com a possante WRV Empreendimentos, que envolvia o atacante Guilherme e o zagueiro Cláudio Caçapa, também foi resolvida.

Foto: Superesportes

O começo da Era Sette Câmara, em 2018, tava até legal, pois o clube parecia estar se organizando para ser forte e independente no futuro. Mas aí começa a sequência de desastres. Sabe o tal perfil de contratação que eu falei que havia mudado há algumas linhas atrás? Então, ele se baseava em refugos, e muitos deles não fizeram nem 10 jogos pelo Galo. E isso se manteve durante quase todo o último triênio. Assim como diretores de futebol que nunca haviam exercido a função na vida, contratos inexplicáveis para péssimos jogadores, além do altíssimo número de treinadores. Foram OITO indivíduos que passaram pelo comando técnico do Galo entre 2018 e 2020.

Dessa forma, entre várias contratações e rescisões, o barato acaba saindo caro e a tal austeridade é enfiada naquele lugar. Afinal, pagar vários salários baixos pra jogadores ruins e que não vão dar nenhum retorno financeiro é muito pior do que pagar um ou dois salários altos pra atletas cujo lucro é quase certo. Concordam?

A prova cabal de que a tentativa de conter os gastos foi falha é que a despesa com o futebol aumentou e a dívida, que já era altíssima, (R$ 614 milhões), saltou para R$ 746 milhões. Então, como eu vou levar a sério um presidente que fracassou miseravelmente no seu principal objetivo?

Agora, vamos falar de situações que não estão tão ligadas às quatro linhas. Durante o mandato, Sérgio Sette Câmara demonstrou um comportamento controverso (pra dizer o mínimo). Pra começar, desdenhou da Sul-Americana de 2018, chamando-a de "segunda divisão da Libertadores", o que não é exatamente uma mentira, mas não é posicionamento digno de um presidente. E acima de tudo, título é sinal de dinheiro entrando nos cofres. E depreciar uma competição cuja premiação é milionária não me parece uma atitude muito preocupada com as finanças do clube.

Em suas várias entrevistas, o nosso presida sempre ressaltou o quanto ele abriu mão da vida pessoal e do seu escritório de advocacia pra se dedicar integralmente ao Galo, que ele não podia tomar uma cerveja, assistir aos jogos em paz etc. Honestamente, eu entendo que presidir um clube do tamanho do Galo deve ser uma missão inglória. Mas aqui, Serjão, com todo o respeito do mundo: ninguém te obrigou a se candidatar. Não aja como se você estivesse nos fazendo um favor. Agora que você tá saindo fora, aproveita e curte a vida, vai tomar tua cerveja, cuidar do teu filho piloto, enfim.

Em sua última coletiva como presidente, o homem teve a cara de pau de se gabar pelo fato do Galo nunca ter entrado na zona de rebaixamento do Brasileirão durante a sua gestão. Eu não preciso nem falar o quão absurdo é tratar esse acontecimento como um mérito pra um clube gigantesco como o nosso. É de uma pequenez absurda.

Foto: Gazeta Esportiva

Dizem por aí que Sette Câmara tem méritos ao fazer os véios do dinheiro se aproximarem do Galo. Bem, eu vejo isso por uma outra perspectiva. Eu acredito que após a eliminação pro Afogados, houve uma intervenção no clube. Todo mundo sabia que se algo não fosse feito, brigaríamos novamente pra não cair. Porém, é óbvio que o agora ex-mandatário não vai admitir, afinal, o que esperar de alguém que concedeu a si mesmo um Galo de Prata, não é? 

E, convenhamos, qual o mérito em abrir mão da presidência e virar uma Rainha da Inglaterra? Pra mim, o nome disso é atestado de incompetência. E até os mecenas sabem disso. Tanto que não apoiaram o cara para uma reeleição.

Para fechar com chave de ouro, o Sérgio Sette Câmara nos meteu em polêmicas completamente desnecessárias em 2020. Primeiramente, quase cometeu o impropério de trazer Thiago Neves, cuja índole já é de conhecimento público, e que nunca mostrou muito respeito com o Galo, principalmente na época em que ele jogava na URT de Belo Horizonte. Não satisfeito, tentou contratar Sebastián Villa, acusado de agredir a namorada grávida. Após pressão da torcida, recuou e fez um tweet dizendo como o Atlético tinha valores e blá blá blá. Todavia, o Boca Juniors, clube a que Villa pertence, fez um belo exposed do presida, que tentou trazer o cara debaixo dos panos, como se o torcedor fosse otário.

Por fim, o que dizer sobre Lásaro Cunha? Bem, não há como negar os vários bons serviços prestados por ele no âmbito jurídico. Sério, este homem é uma besta enjaulada com ódio. No entanto, me enganou com seus discursos inflamados e muito populares, pois nunca passou de um vice-presidente decorativo. Ele mesmo já admitiu não ter participado da quase vinda de Thiago Neves, por exemplo. E pra piorar, nos seus últimos dias de mandato, dedicou-se a mandar indiretas pra Sampaoli e sua turma via Twitter. Nada mais deprimente.

Resumindo, essa gestão teve muito mais erros do que acertos. Foi, sem dúvidas, uma das piores da história do Clube Atlético Mineiro, que foi salva por Rubens Menin e amigos, tamanha a incompetência do presidente e do vice.

Enfim, me xingue nos comentários. 

PS.: Sérgio, não me processe. Eu te acho um cara muito bonito.


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