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Retrospectiva do Bahia 2020. Viver é partir.

 

Direitos autorais: Felipe Oliveira. 

O torcedor tricolor não teve um minuto de paz em 2020. A sensação que fica ao terminar o ano é que tudo que poderia dar errado, deu, e tudo que poderia dar certo, deu errado também. Mas quero iniciar este texto falando sobre as nossas alegrias, e adiantando que nenhuma delas veio do time masculino de futebol profissional.

As Meninas de Aço rapidamente caíram nas graças da torcida, mesmo sendo parte de um departamento que o clube ignorou enquanto pôde. Apesar do questionamento sobre ter ingressado de vez no futebol feminino somente quando foi obrigado às equipes das principais divisões do futebol brasileiro, o fato é que o Bahia tratou deste assunto com seriedade, montando uma equipe muito competitiva, e oferecendo as atletas uma estrutura de ponta, com ótimas condições de trabalho e a manutenção integral do salário destas, mesmo diante da pandemia da COVID-19. Isto rendeu frutos imediatos para a equipe, que se consagrou campeã baiana de 2020 com certa facilidade, e conseguiu o acesso para a série A1 do Campeonato Brasileiro de Futebol Feminino, havendo ainda a possibilidade de conquistar o título da Série A2 já em seu início de projeto. Por se tratar de um projeto complexo, bem estruturado e de muita importância, em breve farei um texto mais detalhado sobre esta equipe que encheu de orgulho os corações tricolores neste ano conturbado.

Outro projeto que funcionou de maneira exemplar foi o do time de transição, que disputou boa parte do campeonato baiano de 2020, sob o comando de Dado Cavalcanti, e gerou bons frutos para o Bahia no decorrer da temporada. Um planejamento para uso de atletas jovens, com muito potencial, e um técnico igualmente promissor, foi responsável por deixar o time na liderança do campeonato baiano, já classificado para a fase final da competição, e por vencer o rival dentro de sua própria casa. A equipe deixava a impressão que conseguiria o título, e deixaria o legado de bons atletas para venda ou uso na equipe principal, mas a pandemia veio, e com ela o projeto precisou ser interrompido de maneira precoce.

A partir daqui começo a falar da equipe profissional de futebol masculino, que precisou disputar a fase final do campeonato baiano e o venceu com muita dificuldade, mesmo enfrentando equipes do interior da Bahia, que possuem um orçamento muito, mas muito menor que o do Bahia, e que tem pouca tradição no futebol Baiano. Vale ressaltar que antes disto, esta mesma equipe conseguiu a proeza de ser eliminado na primeira fase da copa do Brasil, com uma atuação patética perante o River-PI.

Haveria de se imaginar que esta equipe passaria por apuros quando enfrentasse equipes mais qualificadas, da série A do campeonato Brasileiro. Em seu grande teste, perdeu os dois jogos em Salvador, no estádio de Pituaçu, para o “papai” Ceará, que tem feito o Bahia de grande freguês nos últimos anos, e acumulou mais uma decepção em copas do Nordeste, mesmo sendo o time de maior orçamento da região.

Com o início do campeonato Brasileiro, veio a demissão do técnico Roger Machado após derrota para o Flamengo em casa, e a contratação do técnico Mano Menezes, que veio com a responsabilidade de resolver os problemas defensivos de uma defesa extremamente vazada durante o ano. Mano foi demitido contra o mesmo Flamengo, no segundo turno, sem ter resolvido absolutamente nada em relação aos problemas defensivos, e possuindo um aproveitamento pífio na frente do Esquadrão. Mas o pior foi a sua atuação patética neste mesmo jogo, tendo acusado o atleta Gerson de “malandragem”, colocando em total descrédito a voz da vítima, quando este denunciava uma situação de injúria racial. Mano se mostrou mais um personagem lamentável, dentre tantos outros que entregam coletes em solo brasileiro.

Para finalizar o ano, o diretor de futebol, Diego Cerri encerrou seu contrato com o tricolor, e a torcida comemorou como um grande triunfo, pois o mesmo era alvo de muitas críticas por algumas péssimas escolhas durante toda a sua gestão. O Bahia amarga a sua pior sequência de derrotas na história do campeonato brasileiro, e tem sido porteiro da zona de rebaixamento durante muitas rodadas do campeonato. Aparentemente nada está tão ruim que não possa piorar, mas a torcida espera que o agora técnico da equipe principal, Dado Cavalcanti possa trazer novos ares, junto com o novo ano de 2021, para que o time pelo menos não amargue mais um rebaixamento em sua história. 


Até a próxima, saudações tricolores. 

Matheus Freitas. 


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