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Os desafios do futebol feminino brasileiro #03

 No terceiro texto da série "Como levar o futebol feminino à sala de aula" será retratado os principais desafios da modalidade.


Partida entre Brasil e Holanda pela Copa do Mundo Experimental de 1983 (Reprodução/GE)

Bem vindos ao terceiro texto da minha saga sobre meu projeto final do Ensino Médio. Para ler o segundo texto, clique aqui. Bom, nessa altura da minha pesquisa, eu já conseguia claramente perceber os maiores desafios presentes no esporte - esses, que com certeza ultrapassavam apenas o preconceito.

Então, após várias leituras e entrevistas assistidas, eu percebi que o machismo estrutural era apenas a ponta desse iceberg que engloba a falta de apoio ao futebol feminino. Porque, a partir dele, de maneira histórica, as mulheres não eram reconhecidas como atletas profissionais e ganhavam bem pouco - o que equivalia as vezes, na seleção brasileira, a 20 ou 30 reais, sim, nos anos 2000.

Por isso que não foi suficiente apenas cair a proibição do Estado Novo, muito menos declarar uma real modalidade, era preciso mais do que isso. Pois, não bastava apenas leis, precisava mudar todo um comportamento social - reeducação essa, que ainda ocorre.

Por exemplo, é evidente que quando um clube está com dificuldades financeiras, a primeira decisão para controle de danos é o desligamento do setor feminino, como feito pelo Santos em 2012, ou feito agora, nos últimos dias, pelo Avaí/Kindermann, por mais do que apenas a condição financeira.

Time histórico e repleto de títulos das Sereias da Vila - Santos (Reprodução/Santos FC)


Mesmo assim, o cenário com toda certeza muda quando se leva em conta a regulamentação da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), que reconhece o futebol feminino como modalidade competitiva e extingue os resquícios da proibição, apenas no papel. 
 
A disparidade econômica, é um grande problema no futebol feminino, quando comparada ao futebol masculino, não apenas nos salários, mas também nos investimentos em cada clube. A Marta não possui patrocínio de nenhuma marca esportiva como Nike ou Adidas, porque ela quer receber mais. Porém, isso não significa que ela queira receber como o Neymar, ela sempre ressalta que merece receber por ser a atleta Marta. 

E é essa a chave que precisa ser virada na cabeça das pessoas, as mulheres no esporte querem receber o referente a elas mesmas, nunca aos homens. É entender e reconhecer a modalidade como única, não como vinculada ao esporte masculino. São realidades diferentes. 

Outro desafio, agora referente aos clubes, refere-se às categorias de bases. Por um ano a categoria de base da seleção brasileira feminina ficou parada, o que já é um absurdo por si só. Quando se olha para outras seleções, como Estados Unidos, Canadá e França, entende-se que há um processo de renovação ocorrendoesse, que vêm justamente da base.  
Então, antes de pedir por renovação na seleção, tem que cobrar os clubes para que tenha categorias de base. Como é feito no Corinthians, na Ferroviária ou em clubes como o Centro Olímpico, que têm enfoque na base. 

Portanto, com a mídia dando maior destaque às conquistas femininas no futebol que a situação vêm começando a mudar - com total apoio dos torcedores, seja nas arquibancadas ou nas mídias sociais. Assim, que esse seja a continuidade de um grande futuro.

Fico por aqui, até a próxima, Larissa Campesan.

@fclarisz_

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