O Maracanã novamente sediou o clássico mais emblemático do futebol bra...mundial, peço perdão aos adeptos dos outros clubes espalhados pelo planeta mas o embate entre tricolores e rubro-negros é maior que uma partida de futebol, 22 atletas em campo simbolizam uma luta familiar que já dura quase 110 anos.
Nélson Rodrigues já dizia que o Fla-Flu começou 40 minutos antes do nada. O Flamengo já foi Fluminense, um certo dia atletas tricolores descontentes com os rumos da diretoria do Football Club encontraram refugio em um clube de regatas e lá criaram o departamento de futebol do Flamengo. Se os outros clássicos espalhados pelo mundo foram construídos dentro das 4 linhas de um campo de futebol, o Fla-Flu começou com uma briga.
A noite de ontem protagonizou mais um episódio desse imenso "Casos de Família". E, por favor, não me digam que o Flamengo "não jogou nada", o Flamengo sempre joga bem no Maracanã. Por onde passa, o Rubro-Negro arrasta uma multidão de fanáticos que lotam qualquer arena esportiva desse país com facilidade, não importa muito aquilo que ocorre dentro do campo de futebol...vencer uma final contra a equipe da Gávea no "Maior do Mundo" é uma tarefa difícil independente dos "Léo pereiras" e "Felipe Luizes" atrapalhando em campo.
Rixas familiares à parte chegou o momento de falar do Campeão Carioca de 2022, Tirem seus remos da água e respeitem quem nasceu para jogar futebol.
Se o Flamengo foi Grande, o Fluminense foi Gigante. Os comandados de Abel Braga trabalhavam como uma orquestra no gramado de jogo, cada jogador sabia exatamente aquilo que deveria fazer na partida e quem coordenava a sinfonia do título era o Maestro Paulo Henrique de Chagas Lima, o Ganso.
Toques insinuantes, dribles simples de complexidade lírica, letras e calcanhares se confundiam nos gestos de um "Camisa 10" clássico que insiste em nos mostrar que futebol não é apenas um esporte, é arte também. Andreas Pereira e João Gomes acompanhavam a música regida pelo maestro e desconcertados pelo beleza de seus gestos entenderam o papel deles naquela história, só restava a eles observar a genialidade sem ter a ousadia de tentar para-la.
Eu poderia desatacar todos os outros jogadores do Flu que entraram em campo ontem. Eu poderia falar daquele que é viciado em homenagear o seu filho e transformou uma Letra em sinônimo de gol nas terras cariocas, poderia eu elogiar o melhor zagueiro do Brasil que foi campeão olímpico no ano passado...mas, por fim, preciso falar do homem que não pode ver uma final de carioca com o Flu que já quer ganhar a taça.
2005, 2012, 2022. Os últimos 3 cariocas da equipe das Laranjeiras tem nome e sobrenome: Abel Braga. Gostem ou não das táticas do comandante tricolor, todo torcedor do Fluzão tem obrigação clubística de gostar do Abelão. Esse homem nasceu para treinar o Fluminense e o Fluminense nasceu para acolhe-lo, nenhum casamento futebolísitico é mais harmônico que esse, que sorte a nossa.
10 anos depois, podemos soltar o grito de "Campeão!" que estava entalado em nossas gargantas. Devemos comemorar esse título que pode ser o último de Frederico com a camisa tricolor e o derradeiro de Abel Braga como técnico de futebol. Devemos encarar essa taça como o símbolo de retomada do Fluminense no cenário do futebol nacional, dias ainda melhores ainda estão por vir.
Grandes no Rio só tem 4
Tetras campeões cariocas só tem 2
Pai do Flamengo só tem 1
Prazer, Fluminense Football Club. Campeão Carioca de 2022.
ST.
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