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O tabu feminino no futebol – Parte I


Olhe ao redor. Quantos homens que jogam futebol você conhece? Quantos homens mundialmente famosos por serem jogadores você vê todos os dias nos sites e jornais esportivos? Agora se faça essas mesmas perguntas, mas dessa vez com mulheres. Quantas mulheres você conhece, sendo amadoras ou profissionais, que jogam futebol? Tenho certeza que a maioria esmagadora dirá um número muito baixo.

Em 2014 o planeta parou para assistir a Copa do Mundo do Brasil. Os astros que vemos em grandes campeonatos europeus e as seleções que encantam os fãs do esporte se uniram para disputar a melhor Copa de todos os tempos. Não havia uma alma que não soubesse do grande evento, que não escutasse pelo menos uma notícia por dia sobre o que acontecia em nosso território. Tudo isso serve para mostrar o quão grandioso o futebol pode ser, mas infelizmente apenas alguns têm o privilégio de aproveitar essa grandeza.

O dia 6 de junho marcará o início da sétima edição da Copa do Mundo de Futebol Feminino e ouvimos muito pouco sobre esse assunto, mesmo estando a apenas nove dias do início da competição. Por que, em pleno 2015, o mundo futebolístico ainda não quebrou esse preconceito que já está mais do que ultrapassado?

O Linha de Fundo começa hoje um especial contando histórias de garotas que enfrentam o machismo do futebol diariamente e passam por cima de todos os problemas para fazerem aquilo que mais amam: jogar bola.

Você não precisa procurar muito para achar o preconceito contra as mulheres nessa área. Olhe exemplos mais simples, frases como “garotas não entendem de futebol” e “não é esporte pra mulher” são comuns até demais. Se a situação já é complicada para quem apenas conversa sobre, imagina para aquelas que colocam a chuteira e a bola debaixo do braço?

Como em outras escolinhas pelo país, os uniformes compostos por cores e símbolos de grandes times cariocas, europeus e da Seleção Brasileira tomam conta dos vestuários na Escola de Futebol Feminino do Salgueiro. Antes de o treino começar, o papo é diversificado: Champions League, futebol de base, assuntos atuais e muitas outras coisas. Pessoas que, assim como muitas outras, respiram futebol.

O treinamento está longe de ser fraco. Debaixo de um sol forte as meninas correm e aprimoram táticas e técnica. A verdade é que, apesar da descontração, ninguém está ali de brincadeira. O treinador, Elias, comanda mais de vinte garotas e pede apenas uma coisa: comprometimento. E isso é o que elas mais têm. A habilidade, o talento e a capacidade são visíveis e não existe falta de vontade de melhorar. A relação, até mesmo com aquelas que acabaram de chegar, é de parceria.


Depois de tantos anos ignorando o fato, olha-se com mais cuidado a questão do racismo no futebol. Quanto tempo ainda vai demorar a levar o machismo, seja ele com jogadoras, comissão técnica ou jornalistas, a sério? Chegou a hora de parar de tratar isso como brincadeira e falaremos sobre o assunto nesta série de reportagens.

Mariana Sá || @imastargirl
Linha de Fundo || @linhadefuundo

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