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Como Guus Hiddink reacendeu a esperança azul

A partida mais importante do ano para o Chelsea está se aproximando. Os Blues terão que reverter o placar de 2 a 1 a favor do PSG para avançar as quartas de final da Champions League.  Se essa partida fosse há quatro meses, a derrota já seria dada como certa até pelos próprios adeptos; entretanto, há uma grande esperança de que os diabos azuis consigam o resultado dentro de casa. Essa esperança tem um motivo, e esse motivo tem um nome: Guus Hiddink.


Quando chegou aos blues o holandês encontrou um time desmotivado, com o moral baixo, desavenças e futebol pobre. Com sua humildade e muito trabalho, Hiddink foi retomando a moral que havia sido destroçada durante passagem de José Mourinho. Como o holandês conseguiu isso? É o que veremos agora! Mas antes, vamos analisar o que deu errado com Mourinho.

1 – Os erros de José Mourinho

Na temporada passada o Chelsea foi o grande campeão da Premier League. Com exibições impressionantes, tanto coletivas quanto individuais, e um sistema tático bem encaixado; não havia duvida de que a atual temporada seria tão boa quanto à passada. Foi ai que se deu inicio a péssima fase que estaria por vir.


Como o time estava entrosado e vinha jogando bem, José Mourinho estava satisfeito com o elenco e não olhou muito para o mercado. As poucas contratações que o clube fez não surtiram efeito, os mais emblemáticos São Pedro e Falcão Garcia. O espanhol até começou bem, mas foi caindo de rendimento e segue reserva até hoje. Já o colombiano, que vinha de má fase, foi uma aposta de Mourinho; que havia dito que iria recuperar o futebol do jogador. Entretanto, ele se tornou uma das piores contratações da história do clube.

Na estreia dos blues na Premier League o português se desentendeu com Eva Carneiro, então chefe do departamento médico e uma lenda do clube, e exigiu o afastamento dela; dias depois Eva deixou o clube. Os jogadores – que tinham uma excelente relação com ela – tomaram as dores da fisioterapeuta e isso esquentou os bastidores dos blues. Com a insatisfação do episódio, os principais jogadores caíram de rendimento, gerando as especulações de que estariam fazendo corpo mole para derrubar o treinador.

Além de todos os problemas extracampo, o rendimento do time também não ajudava o treinador. Se era realmente corpo mole, não podemos afirmar; mas a espinha dorsal de Mourinho havia se quebrado. Courtois, Ivanovic, Terry, Matic, Fàbregas e Hazard caíram muito de produção. O goleiro belga se machucou e perdeu a maioria dos jogos; o lateral da Sérvia cometeu diversos erros defensivos (coisa pouco comum em sua sólida carreira); a dupla de volantes também ficou bem abaixo. Matic, que era o ponto de equilíbrio do time, não conseguia manter a boa fase e junto com ele Fàbregas também caiu demais, chegando a amargar o banco diversas vezes; assim como o belga, e até então principal jogador do time, Eden Hazard.
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Falando em sub-rendimento, tive que separar um parágrafo apenas para Diego Costa, destaque da ultima Premier League e até da seleção espanhola. O hispano-brasileiro não conseguia repetir as grandes atuações. Porém, o que mais chamava a atenção – para o lado negativo – era seu comportamento. Diego parecia mais preocupado em brigar do que jogar bola, chegou a ser afastado da seleção da Espanha por atitudes antidesportivas que foram repudiadas por toda a Europa.

Taticamente o time havia ficado previsível, com um comportamento rígido e praticamente estático, o time londrino encontrava muita dificuldade para furar as defesas adversárias. Aliado a má fase dos jogadores, o Chelsea perdera diversos jogos tranquilos, inclusive dentro de casa. Com tudo isso o “special one” não aguentou a pressão e fora demitido, mesmo ainda tendo o apoio da torcida.

2 – Guus Hiddink e a arrancada

Com a saída de José Mourinho o ambiente já havia ficado mais leve nos bastidores, e no dia 19 de Dezembro de 2015 Guus Hiddink foi anunciado como o novo treinador do Chelsea. Em sua segunda passagem ele teria a difícil missão de reerguer o moral do time, que estava em 16º colocado a apenas um ponto da zona de descenso.


Com o ambiente mais leve, o holandês teve mais calma para trabalhar, apesar da posição na tabela. Sua humildade ganhou os jogadores que agora estão fechados com o treinador. Isso pode ser visto quando ele improvisa jogadores em diferentes posições e os mesmos têm uma dedicação sem igual em campo. A maior mudança do Chelsea após a chegada foi justamente essa, o time está bem mais motivado, jogando com mais vontade de vencer; uns ajustes táticos aqui, outro acolá e pronto! A boa fase do time começa a voltar.

Sua primeira, e principal mudança, foi a entrada de Obi Mikel no lugar de Oscar. De início foi muito questionada, pois Mikel não é lá um grande jogador e, na teoria, o time ficava menos ofensivo. Mas com um tempo surtiu efeito, principalmente porque Fàbregas passou a atuar como meio campista e não mais como volante. Resultado: o time ficou mais equilibrado no meio e Fàbregas voltou a ser o exímio criador de gols que sempre foi.

Outra alteração tática importante foi a utilização de Ivanovic como zagueiro, que mesmo improvisado, cresceu de rendimento e deu uma consistência defensiva bem maior ao time. Em seu lugar na lateral direita entrou Azpilicueta, que rende muito mais por ali do que pela esquerda.
Com uma defesa consistente e um meio campo mais equilibrado o time ficou mais solto, com mais liberdade. Fàbregas agora atua mais a frente e tem mais liberdade para criar as jogadas, assim como Hazard, que vem retomando a sua excelente forma da ultima temporada. Os três jogadores de meio campo (Hazard, Fàbregas e Willian) jogam muito mais soltos, invertendo posições e, como consequência, criando mais jogadas.

Com todas essas alterações, quem mais se beneficiou foi Diego Costa. A bola agora chega muito mais redonda, ele tem muito mais chances de gol, e os números mostram isso. O atacante passou a ter uma média de 4 finalizações por partida e já marcou 11 gols em 15 jogos desde a chegada de Hiddink. Além de sua atuação em campo, ele melhorou também seu temperamento. O camisa 19 dos blues parece bem mais maduro, concentrado e mais motivado.

Além das mudanças táticas, Guus Hiddink mexeu também com o espírito do grupo. O holandês tem o grupo na mão e sua principal virtude extracampo foi conscientizar os jogadores sobre suas capacidades, até mesmo que são bons jogando em outras posições. O desempenho coletivo melhorou muito, inclusive de jogadores que jogam improvisados  - caso de Kennedy, que atua de lateral esquerda em  alguns  jogos – conseguem manter o mesmo nível de atuação. Está mais que claro que os jogadores se sentem bem à vontade com o atual treinador.

3 – Ainda há esperança

Como já havia escrito lá em cima, quando Guus Hiddink assumiu o Chelsea, os blues estavam em 16º colocado a apenas 1 ponto da zona de rebaixamento; hoje o clube de Londres se encontra na 10º posição a 9 pontos da zona de classificação para a UEFA Euro League. Foi uma grande arrancada, sem perder nenhum jogo se quer desde Dezembro de 2015.


Além da grande arrancada na tabela, o time recuperou o bom futebol, os jogadores mais importantes voltaram a brilhar e o time joga com muito mais garra e vontade de vencer. No atual momento ganhar de 1 a 0 em casa do PSG é extremamente possível e, em minha opinião, o placar mais provável para o jogo.

Mesmo que os diabos azuis sejam eliminados, o que será normal devido ao elenco do PSG e ao placar do jogo de ida. A esperança em salvar o ano continua acesa, além de ser cada vez mais possível brigar para jogar uma competição continental, o Chelsea está nas quartas de final da F.A Cup e é um dos favoritos a ganhar a competição.

Pode parecer muito otimista ou até mesmo muito utópico pensar que o Chelsea vai chegar longe na Champions League ou ganhar a Copa da Liga Inglesa, mas as partidas que o time vem fazendo e a campanha irretocável de Guus Hiddink, onde só perdeu 1 jogo desde Dezembro (8 vitórias, 7 empates e 1 derrota), mostram que podemos pensar assim. Não se surpreendam se o Chelsea alcançar uma classificação para a Euro League. 

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