Zagueiro Ozéia no Bahrein |
Campeão Gaúcho
pelo Grêmio em 2010, Ozéia atualmente veste a camisa do Busaiteen Club do
Bahrain. Mas a primeira experiência na Ásia foi em 2013, quando defendeu o Al
Hilal da Arábia Saudita, e desde então o atleta de 34 anos coleciona algumas
histórias curiosas.
Com
experiência em grandes clubes brasileiros e em Portugal, o zagueiro conta que
não enfrentou muita dificuldade para se adaptar: "Apesar de ser um país desconhecido para mim, até que não foi tão
difícil, pois o clube me deu toda assistência e suporte na minha chegada. Até
compras no supermercado eles me ajudaram a fazer no início".
O atleta ainda
lembra que muitos torcedores foram recepcioná-lo no aeroporto: "Foi uma confusão e eu não consegui entender
muita coisa, principalmente por causa do idioma. Depois que cheguei ao hotel
fiquei imaginando como iria ser minha vida por lá, pois a cultura, os costumes
são completamente diferentes dos nossos".
No clube ele
foi bem recebido pelos demais companheiros e comemorou por ter mais um
brasileiro na equipe, o que facilitou sua adaptação. E, além de tudo, tinha
dois jogadores árabes que falavam português: "Quando cheguei encontrei o Wesley Lopes, que já conhecia de vista da
época que jogava em Portugal e também o colombiano Gustavo Bolivar. Nós sempre
ficávamos juntos e com o tradutor, pois nem o inglês é falado por todos lá, mas
o que me deixou mais surpreso foram dois jogadores árabes que sabiam falar a
nossa língua de tanto que gostavam do Brasil, claro que não era fluente, mas
dava para conversar bem. E vale ressaltar que em Árabe a gente só aprende os
xingamentos. Você tem que aprender a xingar e saber quando eles estão te
xingando para se defender", brinca o jogador.
Mesmo não
tendo tantas dificuldades, como normalmente acontece com os brasileiros por lá,
Ozéia passou por algumas situações inusitadas, como o dia em que foi barrado em
um shopping por causa das tatuagens de um amigo: "Uma vez fomos a um shopping, eu, o tradutor e o Wesley ele tem muitas
tatuagens e estava com uma camiseta regata. Logo que entramos veio um segurança
pedir para ele cobrir as tatuagens ou sair do local... Tivemos que ir embora
[risos]", explica ele.
São fatos como
esse que mostram as diferenças culturais e de comportamentos nos países árabes.
Ozéia lembra que o dia a dia na Arábia Saudita é bem complicado, pois eles são
bem severos e seguem rigorosamente suas crenças religiosas: "Nós também precisamos seguir o que é imposto
por eles. O que mais me espanta é o poder que eles têm sobre as mulheres, elas
são submissas ao extremo e não podem fazer nada, é tipo uma escrava",
observa o jogador.
Morando agora
no Bahrein, pequeno país da região do Golfo Pérsico, Ozéia conta que por lá as
mulheres são mais livres, podem vestir o que quiser, podem dirigir, ir aos estádios:
"No Bahrein é muito bom de morar, é
mais livre, inclusive foi construída uma ponte de 25 km que cruza o Golfo
Pérsico e liga a Arábia Saudita com o Reino do Bahrein. Durante os finais da
semana e feriados a população do Bahrein quase duplica, pois eles saem da
Arábia em busca de mais liberdade, principalmente as mulheres".
Grande Prêmio de Fórmula 1 do Bahrein |
Já o futebol
não é tão competitivo, mas está em ascensão. Ozéia conta que os treinos
acontecem somente no período noturno: "Normalmente
treinamos apenas a noite por causa do calor. No auge do verão, nos meses de
junho e julho, as temperaturas ficam em torno de 40ºC, 45ºC e é praticamente
impossível treinar durante o dia, mesmo às 22h, no horário do treino, ainda é muito
quente".
Treinos noturnos |
Agora se o
assunto for alimentação, Ozéia se lembra de um fato engraçado que aconteceu
logo que chegou ao Bahrein: "Fiquei
sabendo que existia uma churrascaria por perto, e como bom gaúcho, louco por
uma carne, um bom churrasco, quis conhecer. Fui com o jogador Rodrigo Possebon,
também gaúcho. Quando chegamos lá fomos recebidos por dois indianos de bombacha
e bota e aí na hora de servir a carne, eles chegaram com camarão no espeto. Foi
muito engraçado", lembra aos risos.
Apesar das
diferentes culturas, do calor, de ficar longe dos familiares e amigos, Ozéia
garante que vale a pena: "Claro que
o lado financeiro pesa muito para um jogador quando decide viver longe do seu
país, não é fácil, mas pode garantir um futuro melhor para gente e para a nossa
família. Só que além do dinheiro, nós temos a oportunidade de adquirir e
conhecer novas culturas, lugares, que se não fosse pelo futebol não teríamos
essa oportunidade".
Comemoração Al Hilal |
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