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A inesquecível Inter de Milão

No meio dos fanáticos do futebol pelo Brasil, é normal vermos uma admiração muito grande pelos times europeus. Encontramos muitos torcedores de Real Madrid exaltando o craque Cristiano Ronaldo, do Barcelona aplaudindo as grandes exibições de Neymar, Suárez e Messi, do Bayern de Munique, Chelsea, Arsenal, Manchester United, Paris Saint-Germain, entre outros. Isso é comum pois esses são os principais clubes da Europa atualmente. Mas e as equipes italianas? Bom, já tiveram seus tempos de glória. Apesar de não estarem no mesmo patamar dos outros gigantes do continente (com a exceção da Juventus), já tivemos épocas fantásticas com dois italianos tomando conta de tudo. Um deles, com a bela camisa azul e preta, me conquistou com seu futebol magnífico naquele ano de 2010.


O "bicho papão dos títulos", mais conhecido como Internazionale, tinha grandes craques em seu elenco como Diego Milito, Cambiasso, Chivu, Sneijder, Javier Zanetti, Eto'o, Thiago Motta, entre outros jogadores, comandados pelo maestro José Mourinho, que, para mim, ainda é o melhor treinador do mundo. Como era bom ser nerazzurri naqueles tempos. O futebol magistral do time de Milão encantava as pessoas de todas as partes do nosso planeta, e sim, como citei no início dessa matéria, os brasileiros. A Inter de Milão era vista como o Barcelona é hoje. Era temida, respeitada, guerreira. 

A grande final da Champions League que acendeu uma admiração grande de minha parte pela Internazionale foi simplesmente um jogo sensacional. É até meio "clichê" falarmos isso, já que toda final da melhor competição de futebol de clubes é algo incrível. Um jogo único em que todos se reúnem no sofá de casa, sozinho ou com os amigos, com pipoca e refrigerante na mão, como se fosse uma estreia de um filme, mas é apenas para prestigiar um esporte brilhante com os melhores jogadores de todo o mundo. Alguns até acham melhor que uma Copa do Mundo.

Aquela final com o Santiago Bernabéu lotado dividiu as torcidas de Bayern de Munique e Inter de Milão na expectativa eufórica de conquistar o título. A torcida da Inter, empolgada e confiante, fez naquele jogo um mosaico que entrou para a história, deixando ali a marca de quem faria uma grande festa ao apito final. Na partida, o time alemão fazia grandes jogadas pela direita com o astro holandês Robben, deixando a defesa nerazzuri preocupada nos minutos iniciais. Mas também tínhamos um holandês do nosso lado: Sneijder, que controlava o meio-campo e ataque, e chegou a assustar com uma cobrança de falta venenosa. O jogo era bem disputado, mas os setores defensivos faziam sua parte, principalmente o goleiro Júlio César, que, apesar de nunca ter me agradado muito como goleiro na seleção, fazia boas partidas pela Inter.


No mosaico antes do início do jogo, a frase escrita: "...E ora insieme coroniamo il sogno", que traduzindo para o português significa "...E agora juntos coroaremos esse sonho". Os atletas da Internazionale estavam mesmo determinados a coroar esse sonho e, quando Sneijder deu um passe sensacional para Diego Milito abrir o placar, seria difícil impedir o nosso reinado na Europa. O argentino fazia arte com a bola, driblava, dava assistência, batia pro gol. Todos aplaudiam Milito e sua mágica feita com os pés. O Bayern de Munique criava, fazia de tudo e mais um pouco para empatar, mas quando Müller perdeu um gol na cara com uma defesa com os pés do brasileiro Júlio Cesar, mostrava claramente que não era o dia dos alemães. 

Müller continuava tentando de todo os jeitos, mas também começava a brilhar a estrela de cada jogador da Inter de Milão, inclusive de Cambiasso, que tirou um gol com a cabeça em mais uma finalização do atacante alemão. Mesmo assim, eles cresciam na partida e o placar de um a zero passava a não ser tão tranquilo para a Inter. Era nítido que a defesa da italiana não ia conseguir parar o Bayern por muito tempo, então o jeito era marcar mais um gol, não? Milito resolveu isso, como sempre. Com um belo passe de Eto'o para o argentino, que driblou Van Buyten, e bateu colocado para a rede. 


Um gol que explodiu a torcida da Inter em Madrid. Era o gol do título. Todos sentiam aquilo, mas Mourinho, sempre cauteloso, pediu para que deixassem os ânimos e as comemorações para depois o apito final. Era difícil, mas o comandante estava certo. Stankovic abraçava Milito, enquanto o argentino agradecia aos céus pelo segundo gol marcado e a certeza de que a coroação estava próxima. Quando ele saiu do jogo após uma substituição e os 90 minutos estavam próximos de serem concluídos, os jogadores já o abraçavam dando as merecidas parabenizações, enquanto só se ouvia um som de gritos italianos e os alemães se calavam com que viam. As bandeirolas azul e amarela se levantavam na mão de cada torcedor nerazurri só aguardando o juiz terminar o jogo para ser mais um dia histórico para o maior clube da Itália.

Ao fim, muita comemoração e festa nos gramados do Santiago. O orgulho da Inter de ter craques vestindo aquela camisa em 2010 era fascinante. Nos anos seguintes, tivemos infelizmente nossa força diminuída por problemas internos, mas nada que apague a história que construíram. Ainda espero poder ver novamente esse sonho sendo coroado.


"...E ora insieme coroniamo il sogno"


Wagner Oliveira || @wagneroliveiraf
Linha de Fundo || @SiteLF

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