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Clássico no Nordestão: A importância do Brocador

Em campo são onze jogadores, nove posições diferentes, porém apenas dois OFÍCIOS: O de centroavante e o de goleiro. Apenas eles podem colocar o seu labor na declaração de imposto de renda [já fez a sua?] devido a importância de sua função para as equipes em que atuam. O goleiro, o amaldiçoado solitário que se joga na grama que o diabo amassou, pouco influencia no jogo coletivo - mesmo com todas as implicações que o futebol exige atualmente com saída de bola e participação do camisa um com os pés - já o centroavante é peça vital do último terço do campo, é para ele que  as combinações ofensivas devem convergir proporcionando as melhores condições para que ele faça o que lhe obrigação, seu desígnio por direito: Empurre a gorduchinha no barbante.

Com os atuais sistemas de jogo e a quase abolição do ponta-esquerda -  via de regra ele tá pererecando no meio campo ou correndo atrás do lateral - a escalação enfim faz jus à definição exata de uma equipe de futebol: Nada mais que o 'recheio' entre o goleiro e o centroavante. O comandante da defesa e o comandante do ataque na PROA e na POPA da embarcação a desbravar os mares ludopédicos.

Por esse viés o torcedor do Bahia deve imaginar que a NAU tricolor deve enfrentar a atual temporada com menor risco de adernar quando o mar ficar bravio. Lomba retornou de Campinas mantendo a excelente forma de 2015, lembrando em certo momentos aquele Marcelo Lomba de 2011/2012. No último confronto contra o Fluminense de Feira atuação discreta e exemplar: Exigido na hora decisiva fez grande defesa e passou segurança nas vezes que o Touro do Sertão ameaçou a sua meta. Goleiro é a mais individual e específica das posições; ele pode fazer o que ninguém do time pode, mas precisa fazer bem e com regularidade; é a uma posição individualista com grande impacto no resultado coletivo.

O centroavante sofre, de certa forma, o inverso: É a posição que mais se beneficia da coletividade com grande impacto individual. Um time encaixado faz o centroavante se destacar mais. Isso por muita vezes atrapalha a avaliação dos predicados técnicos do cidadão. Hernane é um exemplo perfeito disso. À primeira vista é um mero finalizador que se beneficia do bom 'azeitamento' do mecanismo ofensivo do time. No detalhe é mais que isso.

Movimentação de Hernane é típica de quem é do RAMO. Tal qual um OURIVES ele possui o saber necessário para executar o que é preciso no tempo correto. Pode ser algo intuitivo ou pré-determinado, não importa. Ele acha os espaços entre os zagueiros e volantes, corre na maioria das vezes em direção ao gol em linha reta e está quase sempre um passo ou mais à frente dos defensores, no ponto futuro, antecipando a jogada.
Jogada simples e eficiente: Hernane sai, inverte o lance e ataca o espaço vazio. Observe que ele tem vantagem na corrida
Durante o tempo que esteve machucado o Bahia testou alguns jogadores ali: Zé Roberto corria errado, Jacó não ia bem quando precisava sair da área, Edigar Junio [que foi o melhor no período] não se desmarcava com tanta facilidade, Itinga ainda mostrava timidez para enfrentar os zagueiros. O time seguiu vencendo e fazendo gols mas a dinâmica de ataque não foi mais a mesma.
Capacidade de se deslocar para receber livre: Desmarcar-se só com movimentação. Diferença entre referência e CONE
Bahia tem números espetaculares esse ano - melhores até que os de 2015 à altura da temporada - e os de Hernane beiram a surrealidade. Com ele em campo o aproveitamento é 100%  a média de gols dele é superior a um por jogo [9 gols em 8 jogos] e foi eleito pela torcida o melhor em campo quatro vezes. Claro que será impossível manter tal média mas o desempenho no primeiro jogo após uma contusão séria - com retorno em tempo recorde - mostra a vontade e o comprometimento do atleta.

Bahia e Hernane terão um jogo desafiador esta noite. O confronto contra o Santa no Mundão do Arruda pela semifinal da Copa do Nordeste tem todos os elementos de um grande espetáculo: Tradição, torcidas apaixonadas, times motivados na luta pela Taça mais cobiçada do primeiro semestre. O Santa Cruz repagina-se com Milton Mendes - um time bastante ofensivo na teoria, com meio campo técnico e ataque veloz. O Bahia de Doriva que não encanta mas assombra pela eficiência: Dezesseis triunfos em dezenove jogos, 38 gols marcados  e 14 sofridos. Comparativamente o time reativo desse ano fez mais gols e sofreu menos que o modelo propositivo de Sérgio Soares nessa altura da temporada. Até agora um conteúdo melhor com uma forma muito diferente.
Tipo de lance que o Brocador é letal: Daí a importância da passagem dos laterais para criar essa alternativa 
Com o retorno de Danilo Pires no lugar do suspenso Paulo Roberto o Bahia que vai à campo depois da novela da Globo é bem próximo da equipe que se imagina 'ideal' para o primeiro semestre. Apenas a ausência de Tinga - por contusão - e a opção questionável  de Doriva por João Paulo Gomes ao invés de Moisés evitam uma possível unanimidade. Danilo retornando ao meio qualifica a infiltração no último terço do campo, a transição ofensiva com a bola e o contra ataque; Juninho segue sendo o construtor do meio - esse equilíbrio é fundamental para o time. No ataque é de se observar o comportamento de Edigar e Thiago - ambo possuem características próximas. Edigar teve um ótimo desempenho pela esquerda, justo onde Thiago Ribeiro costuma atuar. Como não são jogadores de beirada o apoio do laterais será importante para criar amplitude a abrir a defesa do Santa - até para facilitar a infiltração diagonal e o arremate a média distância de ambos.
Escalação do Bahia de hoje: Ofensividade e força no meio

Com tantos elementos postos à prova é um SACRILÉGIO não acompanhar esse jogo hoje. O jogo da fase classificatória foi sensacional, com Lomba em atuação perfeita. O Santa tem Tiago Cardoso e Grafite em sua embarcação. Os maiores tricolores do Nordeste se enfrentam hoje e só um dormirá sorrindo. Domingo tem o jogo de volta. Mas aí é outra história.  
                                     

ALEX ROLIM -  @rolimpato - #BBMP









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