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O improvável elefante branco

O Maracanã segue assim, completamente vazio (Foto: Fim de Jogo)
Quando a Copa do Mundo veio para o Brasil, as expectativas sobre as sedes que seriam escolhidas para o evento foram grandes e acabaram desapontando bastante. Diversos estados que poderiam ter sido selecionados teriam mais utilidade para as Arenas, assim como outros ganharam estádios novos e ficaram sem utilidade para depois da Copa.

Porém, houve um lugar que, apesar da gigantesca obra muito questionada e desnecessária, nunca teve sua importância e utilidade questionados: o Maracanã. O estádio mais famoso do país, que já recebeu duas finais de Copa do Mundo e milhões de pessoas, sofreu uma reforma que tirou os últimos resquícios do lugar que levava o povo, que tinha a alma do futebol.

O velho Maracanã morreu e deu lugar ao novo, ao espaço em que as multidões apaixonadas de todas as classes sociais foram substituídas por um público diferenciado, o torcedor moderno. Mudou muita coisa, mas uma delas acabou deixando o estádio no abandono atual.

O lugar que recebeu 177.020 pessoas em um Fla-Flu de Campeonato Carioca hoje está vazio, abandonado e recebendo apenas shows que foram marcados com meses de antecedência e, por alguma razão, não sofrem resistência alguma, como é o caso dos jogos, para a realização, mas fogem da proposta real de um estádio de futebol. O Maracanã virou um elefante branco porque não recebe a emoção do esporte e o amor de uma torcida, mas sim qualquer outra coisa. Há espaço para Carnaval, mas não para um clássico. O público não pode nem fazer a tradicional visitação ao local, já que o Consórcio acabou com isso e até com as mídias sociais. Foi tudo reduzido ao gigante adormecido que seguirá apagado esperando que alguém o salve.

Para o Carnaval o estádio estava aberto (Foto: Fim de Jogo)
Não tem mais as tradicionais cores que coloriam o estádio em dia de jogo. Clássicos do Rio acabam em qualquer outro lugar longe de sua principal casa. As torcidas, que antes contavam moedas para ver todos as partidas do campeonato e colocavam públicos gigantescos no Maraca, foram afastadas e agora contam os dias para que esse pesadelo acabe. O Rio de Janeiro não é o mesmo sem o Maracanã. O futebol carioca não é o mesmo e o brasileiro também não.

Quando vão devolver aos clubes, junto a seus apaixonados torcedores, o direito de cantar, gritar, torcer e apoiar? Não são empresas que vão cuidar do interesse deles, são eles mesmos. Agora o Consórcio não que mais, mas o Estado não tem dinheiro para bancar. O governo descarta a opção de dar o estádio aos clubes interessados e que tem condição de cuidar o Maracanã, então quer repassá-lo para outra empresa estrangeira que não sabe nada sobre isso.

Enquanto isso, o Maraca fica largado, vazio, silencioso. Para o torcedor, é difícil passar por lá e não sair na estação, ver como está tudo mal cuidado e abandonado. Há registros de furtos no estádio, dentro e fora. Até animais mortos já foram encontrados no Complexo. Ninguém fala nada para o público, não há assessoria, o Rio 2016 não responde, o Maracanã diz que não é responsabilidade deles. Até quando vão deixar um dos estádios mais importantes do mundo na mão de quem não se importa?

O abandono no entorno do estádio (Foto: Fim de Jogo)
Mariana Sá || @imastargirl 

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