O tempo passa. Implacável destruidor de sonhos e
história, muda os personagens a todo instante. Promove os esquecidos e esquece
os protagonistas. Quem tem hoje por volta de 20 anos de idade ou menos nunca
viu a Juventus atuar em nível europeu como nas partidas contra o Barcelona. É
um choque para muitos, mas apenas uma volta à realidade para tantos outros.
Claro que existem torcedores da Juventus fora da
Itália com menos de 20 anos. Eles têm as mais diversas características que os
tornaram assim. Uma delas pode ser o apreço em desvendar o passado. Um passado
nem tão distante, aliás, que teve apenas um hiato no final da década passada.
Para exaltar a classificação da Juventus, preciso
exaltar também nosso adversário. Disse aqui, neste site, que o Barcelona seria
o pior adversário possível para a Juventus. As lembranças de Berlim eram muito
latentes na minha mente. Que time não gostaria de ter Messi, Neymar e Suárez?
Entretanto, nosso adversário já não era mais o mesmo
de dois anos antes. Faltava coletivo e ansiava desesperadamente pelo lampejo de
seus craques. Antes dessa eliminatória muitos diziam (inclusive eu) que Neymar
poderia ser candidato ao melhor jogador do mundo nesta temporada. Ficou difícil
agora.
Neste momento
entra em cena a Velha de Torino. Que muitos desdenharam que não sabiam da sua
grandeza. Ser a maior campeã da Itália não é fácil, não é para qualquer um. Em
nenhum outro país europeu temos três grandes clubes com tamanha tradição em
nível internacional como na Itália. A Itália sempre foi protagonista, seja com
sua seleção, seja com os clubes. Desde os primórdios do futebol, até os dias
atuais. Na mesma prateleira que os italianos, apenas Brasil e Alemanha
conseguem conciliar sucesso de clubes (no caso da Alemanha, no singular) e
seleção.
Qualquer torcedor da Juventus sabe este time de cor. Time que tem coração! Foto: Juventus.com |
A Juventus foi implacável. Dominou os dois jogos
deixando a bola com o Barcelona. Há alguns anos seria impensável que alguém
pudesse dominar um adversário sem a bola. Mais impensável ainda seria que
alguém dominaria o Barcelona deixando este, que a trata tão bem, com a posse. A
Juve assim o fez e foi magnífica.
Durante os 180 minutos a Juventus controlou o
Barcelona, os deixando sem ação, sem saber o que fazer. O empate em 0x0 de
ontem (19) mostrou a força do nosso futebol. Alguém lembra a última vez que o
Barça ficou sem marcar em casa pela UCL? Talvez a única bola que realmente eles
tiveram chance real de marcar (no primeiro jogo, bola de Messi pra Iniesta)
entrou em cena aquele que anseia por vencer este torneio. A Velha precisa de
seu super-herói. Placar agregado: 3x0 pra Juventus.
Ontem Allegri não inventou. Não havia porque inventar.
O jogo não estava ganho e existia certa dúvida se o Barcelona poderia fazer “La
Remuntada”, algo como “a virada”, em catalão. Além de toda história da Juventus
ser maior que o PSG (realmente é) o momento futebolístico deste time é superior
ao francês. A mentalidade vencedora que esta no DNA da Juventus está neste time
que é cinco vezes campeão italiano e duas vezes campeão da Copa da Itália.
Porém, falta algo. Falta a UCL.
Difícil elogiar os jogadores individualmente. Todos
foram fantásticos. Não há um bianconero vivo no planeta que critique a
contratação de Dani Alves. Alex Sandro está na prateleira dos três melhores da
sua posição. Pjanic e Khedira, a dupla de volantes mais difíceis de pensar,
está fazendo algo que nem Pirlo, Vidal e Pogba juntos, fizeram. Cuadrado e
Mandzukic são chatos demais. Higuain, quando não joga bem, joga pelo time.
Então, nos sobram Buffon, Bonucci, Chiellini e Dybala. Esses quatro são o
coração da Juventus.
Há dois anos também havíamos chegado à semi da UCL.
Nossos outros adversários eram Real, Bayern e Barça. Eliminamos o Real, Barça
eliminou o Bayern e o final todos sabem. Hoje temos um cenário completamente
diferente. Incluindo o próprio Real Madrid.
O Real Madrid é o time a ser batido, é o favorito.
Possui um elenco de dar inveja e não apenas 11 titulares (talvez o maior
problema do Barcelona). É o atual campeão, com o melhor jogador do mundo e sem
pontos fracos tão visíveis. O time base joga junto há alguns anos e tem um
técnico que conhecemos muito bem. Zidane tem o time nas mãos. Time base: Navas,
Carvajal, S. Ramos, Pepe (Varane), Marcelo; Casemiro, Kroos, Modric; Bale, C.
Ronaldo e Benzema.
O Atlético talvez tenha o perfil mais parecido com a
Juventus. Forte sistema defensivo, também costuma controlar os adversários mais
fortes sem a posse de bola. É um time que sabe sofrer. Tem talentos no ataque
com um que se destaca: Griezmann. Simeone é o grande mentor desta equipe.
Chegou duas vezes na final e perdeu as duas para o maior rival. Time base:
Oblak, Juanfran, Savic, Godin, F. Luis; Fernandez, Gimenez, Koke, Saul;
Carrasco e Griezmann.
O patinho feio da história é o Monaco. Eliminou o
Borussia Dortmund sem fazer maiores esforços com um futebol insinuante,
envolvente e letal. Leonardo Jardim faz um grande trabalho com uma mistura de
jogadores jovens e experientes. Mbappe é a joia do principado. Importante
ressaltar que o ótimo trabalho não é apenas na UCL. No campeonato local, o Monaco lidera com o
mesmo número de pontos que o ricaço PSG, com a vantagem de um jogo a menos.
Time base: Subasic, Toure, Glik (ele mesmo), Jemerson, Mendy; Bakayoko,
Fabinho, Lemar, Bernardo Silvia; Mbappe e Falcao.
Nós estamos
melhores que há dois anos, mais consistentes. Não há diferenças no nível do
jogo que apresentamos para os outros adversários. Temos nosso próprio estilo
(que se aproxima ao estilo do Atlético) e sabemos impor nosso jogo ao
adversário, machucá-lo, incomodá-lo. Torcemos agora para que todos os nossos
jogadores continuem saudáveis e em boa fase técnica. A parte mental está no
caminho certo.
Como de costume, após o jogo os jogadores foram cumprimentar os torcedores bianconeri presentes ao Camp Nou. Eram quase 5 mil. Foto: Juventus.com |
Nosso próximo jogo é contra o Genoa, domingo (23) no
Juventus Stadium, pelo Campeonato Italiano. É a luta pelo inédito hexa! Antes,
teremos o sorteio da semifinal na sexta-feira (21) pela manhã. Quem vem?
Novamente a Juventus fazendo história e se apresentado
aos desconhecidos. A Velha é gigante, tem lastro e está trilhando um caminho
que nos deixa orgulhosos de apoiar este clube. O envolvimento é grande e não
temos nada a temer, apenas respeitar na medida certa.
Fino alla fine, FORZA JUVENTUS!
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