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Com o espírito que se espera: São Paulo vence e avança no Campeonato Paulista


Por: Thalles Monari

Após semanas turbulentas sob o comando de Dorival Jr, o São Paulo recebeu o azulão do ABC ainda mais pressionado no Morumbi, já com a desvantagem no confronto. Antes de dissertar sobre o referido duelo, gostaria de ir mais além e contextualizar o momento atual do clube.

O São Paulo com o agora ex-treinador Dorival Jr era um time previsível e com uma apatia estabelecida, que dificilmente seria revertida – infelizmente. Não duvido das boas intenções do ex-treinador, nem do respeito mútuo entre comissão técnica e jogadores, no entanto, era uma relação sem perspectivas de sucesso. Tal apatia e desinteresse teve seu limite no último clássico contra o Palmeiras, na ocasião, vimos um time derrotado desde o apito inicial. Após o revés, saiu de cena Dorival e entrou Diego Aguirre. Um movimento que se tornou recorrente no clube, afinal, desde 2008, foram 25 trocas no comando técnico do São Paulo. Um dado preocupante, que expõe a bagunça que é a atual gestão e ajuda a explicar o porquê o clube venceu apenas 2 títulos na última década.

Agora, o que não tem sido habitual nesses anos, é encontrarmos em nossa diretoria de futebol, profissionais capazes de encontrar soluções adequadas, sendo ágeis na tomada de decisão. Não estou aqui para dizer o quão bom ou ruim estão sendo juntos Raí, Ricardo Rocha e Lugano, até porque estão no início de um trabalho, que no momento ainda não é passível de avaliações, contudo, é inegável que são profissionais que entendem de futebol, e principalmente, entendem de São Paulo FC, pois trata-se de caras profundamente identificados com o clube, e que, não menos que ninguém, querem apenas contribuir para o sucesso do Tricolor paulista. 

A escolha do novo treinador foi unânime e a agilidade na negociação impressiona, ainda que o nome de Aguirre não tenha sido o preferido de muitos torcedores. Dois dias após a demissão de Dorival, o atual e novo comandante tricolor Diego Aguirre já estava no Estádio Cícero Pompeu de Toledo acompanhando a partida entre São Paulo x Red Bull, jogo que marcou também, o protesto da maior torcida organizada São-paulina, que adotou a ideia do Morumbi Zero.

Surtiu efeito. Não estou me referindo a saída de Dorival, tampouco ao protesto feito, o que realmente surtiu efeito, aparentemente, foi a chegada de André Jardine à comissão técnica do time profissional. Jardine, um dos poucos acertos do clube nos últimos anos, assumiu definitivamente um papel de extrema importância na comissão técnica fixa do São Paulo. A ideia é dar ao jovem e promissor treinador, a experiência necessária para que ele venha assumir o clube ao longo dos próximos anos. E talvez, tenha sido o grande trunfo nos dois primeiros jogos sem Dorival, onde, curiosamente, o auxiliar contou com o auxílio do novo comandante. Isso porque Diego Aguirre teve seu primeiro jogo comandando o time à beira do campo no sábado, na partida de ida das quartas de final do Campeonato Paulista. O cartão de visitas do uruguaio não foi dos melhores, todavia. Aguirre optou por mudar o time que vinha tendo boa sequência com Jardine e optou pela experiência de Nenê e Diego Souza, porém, os recém-contratados, como todos os demais, não corresponderam às expectativas e decepcionaram mais uma vez. 

E assim chegamos à última terça-feira, no jogo de volta no estádio do Morumbi, onde o São Paulo tinha a difícil tarefa de vencer o empolgado São Caetano por dois gols de diferença. Não bastasse a dificuldade do jogo por si só, a forte chuva que assolou a cidade de São Paulo no fim da tarde, por pouco não prejudicou a realização da partida. E só não foi um fator determinante para o cancelamento do jogo, devido à elogiável qualidade de drenagem do Estádio Cícero Pompeu de Toledo, que permitiu aos jogadores, ter um gramado, ainda que não em seu estado ideal, pelo menos, facilmente praticável. 

O que vimos foi animador, aliás, isso foi algo muito citado na entrevista coletiva de Aguirre pós-jogo: a parte anímica do time, já que técnica e taticamente, ainda não conseguimos ver mudanças significativas, muito pela falta de tempo para treinar a equipe, devido ao ritmo intenso de jogos em sequência. Entretanto, foi nítida a mudança de postura do time, que, desde o primeiro minuto buscou pressionar o São Caetano. Pressão essa que deu resultado aos 19 minutos da etapa complementar. Trellez abriu o placar após falha do goleiro Paes. O resultado de 1x0 ainda não era o suficiente para a classificação, e entendendo a necessidade de pressionar ainda mais o adversário, Aguirre sacou o lesionado Valdivia e o jovem Liziero, para as entradas de Lucas Fernandes e Diego Souza. Alterações que aumentaram o ímpeto do Tricolor, que no entanto, só chegou ao gol da classificação aos 40 minutos, quando Diego Souza invadiu a área e cabeceou feito um centroavante para garantir o São Paulo nas próxima fase do estadual. 

Diego Souza volta a marcar e ajuda a classificar o São Paulo para a semi-final do Paulista. (Foto: São Paulo FC). 
Vale ressaltar mais uma vez a importância da torcida no jogo, pois, mesmo com a forte chuva e todas as dificuldades enfrentadas para chegar até o Morumbi, os torcedores fizeram sua parte, e, os pouco mais de 17 mil presentes no estádio, não deixaram de apoiar um minuto sequer, sendo fundamentais para a vitória tricolor. 

Agora, o São Paulo aguarda o último jogo que falta para conhecer seu adversário na semi-final do campeonato. Sendo Corinthians, Bragantino, ou até mesmo o Santos, cabe ao grupo ter a consciência da importância de encontrar um equilíbrio e organização, para que enfim, o São Paulo consiga novamente competir de igual para igual com seus rivais, afim de almejar títulos e recolocar o clube em seu devido lugar: sempre no topo. 

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